quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Bilhete

Meu caro amigo, um dia falei:
a paz que buscas como peregrino
não dura nem tem o brilho
da que existe dentro de ti.
Se falei da leveza da brisa,
da sombra densa da morte,
não foi de pavor, senão de compaixão.
Não busco migalhas de amor,
retalhos de beijos, farelos de abraços,
como tu pensas, pois que os tenho com fartura.
E assim os tendo, temo perde - los.
Contudo, creio que o amor terreno
não preenche minh'alma.
Pois quem já provou do eterno
jamais se satisfaz com o humano!
Fazes conjeturas, meu amigo,
sem sondares meus motivos.
Meu pranto é a dor de muitos,
mutilados no corpo e no espírito.
Carrego o sentimento de grandes
e pequenos,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
que lamentamos o egoísmo do mundo.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

De Novo: O Fim Do Ano

     O nascimento de Jesus, o Cristo, poderia ser celebrado durante os 365 dias do ano. E deixar nascer o Salvador em nós, nada mais é que nos revestirmos de seus pensamentos e sentimentos, pondo - os em ação. É difícil, porém, não impossível. Com atenção e disciplina esta transformação vai aos poucos acontecendo ao longo de nossa caminhada pela vida. Mais um dia que tenho é tempo de rever minhas opções, consertar atitudes negativas ou adubar comportamentos saudáveis. Com essa revisão diária, como bom jardineiro ou agricultor, não diremos como mantra habitual: " Feliz Natal" ou " Feliz Ano Novo". Nossos bons desejos devem nascer da solidariedade e da compaixão. Não se pode viver dando murros em punhal e nas festas natalinas ou ao fecharem - se as cortinas do velho ano, guardarmos a adaga ou o revólver. Pois há atos  ou palavras e omissões que beiram a assassinatos!
     Peneirando o tempo, deixando vazar os bocados de dor, de medo e frustração, sobrará um caldo denso, suculento de amizade e amor que fará bem a muitos.
     Dias finais, recontagem para terminar o ano, hora de agradecer: ao esposo, aos filhos, aos irmãos, aos amigos; agradecer aos vizinhos, aos serviçais e ao Autor da vida.
     Que 2018 nos seja mais leve e eu possa aproveitar melhor meus minutos. E jamais olvidar a missão de amar sem reservas. Se eu conseguir isso, serei abençoada e construirei um oásis de paz!
Então, tenhamos metas reais, possíveis e ao amanhecer do novo ano, começaremos a nova trilha, na peregrinação da vida.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Felicidade é Construção

Nem tudo é assim como se diz.
Li com curiosidade o texto de Eliane Brum, em análise psicológica das duas gerações mais próximas: a de 65 anos para mais e a dos quarenta e poucos anos. Poderemos ainda acrescentar, por minha conta os adolescentes de hoje, visto que se considera adolescente até os 25 anos de idade. Deve ser porque muitos estudam ainda e dependem, ao menos economicamente, de seus pais.
     A senhora psicóloga, afirma que a geração mais preparada sob o ponto de vista tecnológico, científico e social, com muitos recursos financeiros ou não; com estudo de línguas não está preparada para as frustrações que a vida certamente lhes trará. Esta geração mais preparada é como criança mimada; não pode ser contrariada. É insegura e só viaja mundo afora com proteção. Não encara suas viagens de modo independente e solitário. É a geração que acredita na felicidade que lhe chega " como patrimônio". Sem seu esforço, herda o paraíso das delícias. Por isso, essa geração mais preparada sofre muito, por pouca coisa. Geração que não se esforça para dar o seu melhor; insatisfeita, sempre.
     Dou - me o direito de discordar, mesmo não sendo psicóloga. Porém vivi dia a dia construindo minha vida. Recebi ótima educação de berço e me informei e continuo a me burilar, sabendo que a vida é difícil e com sabedoria eu posso encontrar felicidade nas pequenas - grandes coisas da vida.
     Meus filhos, também geração mais preparada, tem todas as ferramentas da ética e da moral; das ciências e da tecnologia de alto nível. São jovens na casa dos quarenta anos, viajam acompanhados e sozinhos, pelo Brasil e pelo Exterior, a passeio e a trabalho. Dão o melhor de si, mostrando -se profissionais de alto nível. Só para não me estender muito,  quero lembrar que somos sim, resultado de uma época, mas tanto nós, como pais, e eles - os filhos - aprendemos na pele e no cérebro, na emoção e no espírito, que a felicidade não surge " inteira " nem "pronta". Felicidade é construção com base no ideal sonhado. Felicidade é como os " Bocadinhos"  - pequenos sanduiches - e os " Tapas" - aqueles nacos de pão, encimados de um bom jamón, ervas finas com salmão ou apenas azeite extra - virgem. É estar com crianças em parquinhos, ajudando-as no escorregador ou no balanço; é estar fazendo castelos de areia na praia ou enchendo caminhãozinho de terra vermelha...Felicidade é reler um livro e captar, então, tanta coisa nova que nem tinha captado! É receber filhos e netos e curtir com eles jogos em que eles sempre ganham, de verdade ou que você facilitou fingindo não saber.
     Somos seres únicos. Por isso, generalizar nem sempre é correto. E a construção da Felicidade nunca termina, ou sim, termina quando nossa vida chega ao fim. Contudo é um trabalho apaixonante.


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A Paz Que Eu Busco

Por que, Senhor, suporto ainda
dias maus e tempos ruins?
Por que a tua luz
não clareia minhas sombras?
Por que vivo como crisálida em casulo,
causando-me prisão e pesadelos?
Por que a chuva de espinhos
não cessa em teu templo?
O tempo de minha reclusão é finito.
O tempo de tua glória é eterno!
Tira me, Senhor, deste tormento.
Leva - me desta terra estrangeira.
Quero estar no meu país, feliz, com amigos,
sob a palmeira do meu jardim,
a ouvir o passaredo.
E, se este lugar não existe por cá,
que o fecho vital de meu enredo
seja navegar na alvura da paz,
nunca humilhada sob o medo!

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Perfume da Vida

Ama as estrelas
que cintilam no céu.
Descerra da mente
o nebuloso véu
que encobre totalmente
o encanto de viver.
Ama a água
que cai pesada
e escorre na calçada
ou segue cantante das fontes.
Ama os montes,
as flores e os campos.
Ama o cinzento desbotado
dos pardais insolentes,
que piam a morrer de amores
na goiabeira do quintal.
Ama o sol que te desperta
e o pequeno animal
que a criança aperta
num abraço sem igual!
Ama toda boa lembrança ;
ama sem distinção
sem nem pensar em vingança!
Ama o sino da capelinha
que bate tímido, descompassado.
Ama o homem apressado,
outros mil desconhecidos,
carrancudos, distraídos...
Ama o tumulto dos carros,
os latidos e os chiados,
os chilreios e os miados,
os gemidos e os cantares.
Ama a vida que tens -
entre tropeços, apelos e atropelos -
ainda mais o silêncio da noite.
Ama sem pressa e preza
cada dia concedido.
Colhe, agora, sem demora,
colhe cada momento como rosas
para que possas
experimentar o perfume da vida!

sábado, 26 de agosto de 2017

Tempos

Tempo de pra dentro caminhar,
na solidão da maturidade,
vivenciando muita saudade,
reciclando o jeito de amar.

Vem o gosto da liberdade.
Sem regras nem leis: rebeldia!
Mas sinto a vida vazia.
Nada vale tal vaidade...

Na juventude, as correias, os laços;
as obrigações, lutas sem fim!
Nada de risos, nada de abraços.

Hoje, há um pêndulo dentro de mim.
Como máquina moldada a compasso,
quando digo "não", ele diz " sim".

sábado, 8 de julho de 2017

Revolução Interna

Que nuvem escura é essa
à procura de um chão onde desaguar?
É um bando de crianças de rua,
esfomeadas, atenazadas, maltratadas...
Esmolando e esfolando muitos!

Que nuvem escura é essa,
sem censura nem ternura
que vem sorrateira
e, como ratoeira
prende sem piedade?
É um bando de jovens tristes
trazendo diplomas
e implorando trabalho,
como a planta da noite o orvalho.

Que nuvem escura é essa sem promessa
de dias melhores?
Outro bando de velhos
sem hospitais nem remédio,
contornando da vida o tédio,
que só o viver já cansa...
Não tem vida mansa
nem manda nos próprios dias...

Soprando forte há uma esperança,
como a criança a bolha de ar.
Fogo à terra atear!
Usar espada ou chicote,
pois não há quem suporte
viver a vida sem justiça!

Revolução interna
é a tomada de consciência crítica.
É a primeira que acontece!