domingo, 30 de dezembro de 2012

Gabriel



Olhos azulados,

Boca bem desenhada

E um bonito nariz.

Algo me diz

Que você está sorrindo para mim!

Todavia, sei muito bem

Que é só sensação de bem - estar

Que seu desconforto aplaca.

Vovó sua cadeira balança,

Cheia de esperança

Nas covinhas de sua face!

Depois de uns minutos, está dormindo...

Eu, a mim mesma sorrindo,

Ouvindo o vento, no jardim,

Numa paz sem fim,
 
A me julgar a mais feliz do Universo!

Feliz Ano Novo

     Feliz Ano Novo!
     Uma frase tão repetida que se tornou velha, como um chinelo surrado. Contudo a falei e escrevi para muitos amigos também a recebi em diversos formatos, porém nenhuma novidade.
     Refletindo só um bocadinho, falar de Ano Novo como um todo, como um bloco pronto, um conjunto de dias e meses em que devemos ser - chova ou faça sol - sem criatividade, como um fardo, um osso duro de roer ( caso não morramos a qualquer momento) - isso é que torna o tal " Feliz Ano Novo" um jargão. Isso é o que estraga, azeda tudo. Prefiro o " felizes dias futuros"; ou " suportáveis horas de trabalho" ou ainda " benditas horas de lazer". Isso é o que queria ter dito e não disse, pela correria em preparar uma bela e divertida refeição, no meio da noite, para a família e muitos amigos.
     Natal e Réveillon devem acontecer em muitas noites, durante todo o ano. Luzes, brilhos, cristais e porcelanas; beijos, abraços, flores e mimos deixam nossos dias mais humanos quase angelicais. Quebram barreiras, podam galhos secos e alisam arestas em nossos relacionamentos. Se existem propósitos, metas para o ano novo - e eles existem - que eu possa fazer como fizeram meus netos: o dia do desaniversário. Um dia alegre, de festa bonita, com boa comida, sem filas nos mercados, sem papai - noel, sem obrigatoriedade de presentinhos. Já fiz isso em algumas vezes e os amigos ficavam a indagar o que estávamos a comemorar? Aniversário de quem? Nada, eu respondia. Estamos comemorando a Vida! Isso é um bom motivo, por si mesmo. Se eu conseguir agendar este tal dia ao menos por quatro ou seis vezes, neste ano que desponta, já me darei por feliz. Vamo-nos tornando acomodadas ou complicamos o encontro. Se formos simples como as pombas e puros como os lírios- do - campo ( o Mestre falou algo assim) nosso encontro será como um Natal ou Réveillon, em plena tarde de um junho ou setembro qualquer.
     Posso dar-me o luxo de não programar mais nada; se, além disso, eu conseguir escrever algum poema, pintar uma minúscula tela, comunicar - me com meus queridos, no Exterior, brincar com meus netos, fazer exercícios físicos, cuidar de meu jardim, ler um bom livro, responder e-mails e, sobretudo, orar melhor - se eu conseguir isso - então o meu Ano Novo ficará um pouquinho mais novo que este 2012.
     Para quem diz que nada vai programar, esta é uma programação e tanto!
     E, para não perder o hábito: Feliz Ano Novo para todos.   

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Giovana

      Giovana
     Ainda é Natal. Pelos enfeites que permanecem iluminando as ruas, janelas, árvores, lojas e jardins, ainda está Natal. Que possamos, após a retirada desses sinais exteriores, continuar vivenciando esta alegria e solidariedade, durante todo o ano.
     Trocaram-se presentes, comeram gostosuras até demais. No entanto, o nosso presente maior e mais bonito e mais valioso é Giovana.
      Mais um tesouro a se juntar a tantas outras preciosidades.
      O dia quentíssimo retirava nossas energias e escorria em melado indócil sobre nossas faces. A menina deu leves demonstrações de que naquele vinte e um ela queria estar do lado de fora do ventre materno. Mamãe Juliana - ( que faz jus ao nome : " San Juliano, o tranquilo" ) - ainda duvidava que seria para aquele dia.  No branco perfeito do colar de seus dentes, sorria e marcava as contrações a cada cinco minutos. À hora marcada, todos executaram suas tarefas, satisfatoriamente.
       Era uma avó fingindo para a outra, simultaneamente, que não estava ansiosa; ambas estavam muito ansiosas. E não sossegaram enquanto o pai de Giovana não surgiu com sorriso iluminado!
Era a confirmação de que todos cantavam " Glória, Aleluia": Giovana chegara bonita e saudável!
É sempre um mistério o maravilhoso nascer de uma criança!
Os pés das avós, meio anestesiados de permanecerem em pé, dançaram um pouco mais e foram levar os olhos a brilhar para verem o banho da mocinha, através da vidraça. Abastados cabelos castanhos, pele clara, olhos também castanhos; muito discreta nossa Gi. Enquanto o colega Lorenzo berrava a plenos pulmões e um Cauã chorava sem timidez, a menina aguardava sem nem um resmungo, a sua vez de ser banhada e avaliada: tirou nota dez! Também dou um dez para mamãe Juliana, sempre alegre e cheia de paz. Tudo estava bem para ela.
      O dia vinte-e-um passou; chegou Natal e já vislumbramos o Ano Novo! Que Giovana seja para nós o símbolo da Esperança: falaram tanto que o mundo acabaria em 21/12/ 2012. Percebendo a besteira, alguns consertavam que era o mundo - velho, cheio de desigualdades e mentiras que ia-se acabar.
Ora, bolas, ninguém sabe quando nem como o mundo vai-se acabar. O que não pode desaparecer é a Esperança.
E com tantas crianças que nasceram no mesmo dia de Giovana, temos motivos para renovar nossa esperança. Comecemos a ser melhores, a partir de hoje e teremos um 2013 com mais amor, amizade e solidariedade.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Natal

     Mal entramos em Dezembro, tudo gira em torno do tema:Natal. Mas esse "tudo" bem analisado é quase inteiramente voltado ao comércial, restando muito pouco à sua essência. Natal é celebração cristã e tem como centro o nascimento de Jesus, o Cristo. O que me entristece e me causa espanto é que o aniversariante, cada vez mais perde seu espaço para o lendário Papai Noel. E são muitíssimos os enfeites para as portas, os beirais e troncos das árvores; são sinos, sacolas em formato de botas, filas nas lojas, velas coloridas por todo lado, crianças fotografadas com bom velhinho...
    Tudo isso pode acontecer sem prejuizo, desde que não nos esqueçamos de mostrar para a criançada um gracioso Presépio. E, na alegria da reunião, ter um bolo, com vela para assoprarem e todos cantarmos o " Parabéns a Você ! "

Proclamação do Natal

Gritem, nos quatro cantos da Terra:
      - É Natal! É Natal!
Venham todos, venham logo.
Venham de qualquer modo.
Alegria grandiosa ou modesta.
Venham celebrar a grande festa!
É o nascimento do Menino - Deus,
      A quem muitos deram adeus,
      Celebrando a si mesmos!
Neste mundo sempre aparente,
      Tente ser diferente
E belo Presépio invente.
      A festa é de Jesus.
Que todos disso não se esqueçam
E cantem ao portador da luz.
À porta do coração,
Bolas coloridas de amizade,
      A guirlanda do perdão,
Fartura de mimos e abraços,
Pacotes de beijos com laços
E quitutes de carinhos.
Pinte o amor de dourado
E salpique estrelas no sorriso.
Pois que é essencial,
A voz forte, fraternal
A cantar que Jesus nasceu
E de paz nossa vida encheu!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Convite

     Chegava ao clube, quando me encontrei com minha amiga Júlia. Ela acabara de sair de seu carro e carregava, além de enorme sacola, a boia de natação. Após nossos cumprimentos habituais, ela estendeu-me um pequeno envelope e acrescentou várias exclamações de indignação dirigidas ao que nomeou de " O Convite de minha neta". Estendia-me o tal e o recolhia. Não o tinha visto ainda, enquanto ela exclamava que aquilo não era modelo nem cor apropriados! Reforçava os xingamentos atribuindo à fraqueza da mãe o fato de a neta estar a fazer o que não devia. Também o pai da menina, seu filho, seria um frouxo ou tolo, pois não lhe impunha limites. A menina dissera que seu aniversário seria como determinasse. E Júlia falava e voltava a falar e mal respirava. Afinal, deu-me a ver  o polêmico convite, para que eu corroborasse seus sentimentos de avó aflita e inconformada. Tinha o convite o formato de um caixão de defunto, postado sobre um retângulo branco. Encimando o caixão, uma caveira e uma cruz. Dentro, o cartão era como qualquer outro, marcando dia, hora e lugar onde seria o evento.
Abaixo, um "p.s." determinava que os convidados se vestissem de negro.
Achei " sui generis ", mas neste contexo de Nova Era, com filmes na linha de Senhor dos Anéis, ou da saga Crepúsculo (Lua Nova, Amanhecer? Será isso?) - Aqueles de vampiros charmosos e bonzinhos que não bebem sangue humano - Somam-se os filmes de Harry Porter - honestamente, estou meio por fora destas tramas de magia - e uma pitada de Hallowin. Ora, ora amiga avó, sua neta é uma adolescente querendo - se afirmar. Tem que seguir a onda; ainda não tem personalidade formada...Afinal, ela está fazendo uns treze, quatorze anos, no máximo, não é? Falei condescendente, dando-lhe uma força.
   -Não, não!- gemeu minha amiga- Minha neta está fazendo apenas seis anos!
Calei-me e nos despedimos. Aleguei que estaríamos a perder nossos preciosos exercícios.
Realmente, juntei meu lamento ao de Júlia. Estará escorrendo rio abaixo aquela pureza de crianças que gostam, em seus convites, de enfeites floridos, claros, com bichinhos ou personagens de desenho animado?
Se for como esta criança, é uma pena!