domingo, 17 de fevereiro de 2013

Atitudes

     No dia 12 deste fevereiro, fiquei surpresa com a atitude do papa Bento XVI, quanto à renúncia de seu pontificado. Surpresa é um termo pouco adequado, ponderando hoje. Ouvi muitos jornalistas e cientistas políticos tentando decifrar a " esfinge". Ora, se nem estes foram convincentes ou logicamente não tem respostas para esse acontecimento histórico e novo, muito menos eu. Como disse, fiquei mais que surpresa; fiquei indignada. Não que este importante líder religioso, na altura de seus muitos e penosos anos não pudesse dar um "basta", " cansei". O que me irritou - posso ser uma terrível criatura - é que a Igreja me parece incoerente: seu antecessor,  idoso, doente, fragilizado, mal se arrastava e balbuciava umas palavras ininteligíveis. Este teve que ficar ali até os últimos instantes. Dava- me a impressão de que já estava morto e o sustentavam meio encoberto, para abençoar aqueles que o queriam vivo mesmo que agonizando em praça pública, como foi dito sobre Cazuza. Já não podia falar e foi um descanso para ele e para mim quando o declararam " vendo a face de Deus"!
     Este, apesar de idoso, está lúcido, sem doença limitante. O papa cansou-se. Cansou-se de escândalos de diferentes formatos, uns piores que os outros. Cansou-se Sua Santidade das fofocas palacianas, da busca de poder, da disputa entre, no mínimo dois grupos divergentes. Eu, como muitos queremos palpitar, queremos descobrir o como e o porquê conseguiram minar as energias do sacerdote. Porque a mesma Igreja nos ensina - eu sou cristã - pelas palavras de Jesus Cristo:" quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz- de- cada-dia, venha e siga-me"
Pode ser que renunciar à sua vida, para Bento XVI seja ele parar de ser o " manda-chuva" daquilo em que se deva crer. Ou seja: agora, não mais poderá dizer que uma atitude não combina com um cristão. Apesar de não termos hoje um tribunal inquisitório. Se ele não fosse um servo de Deus, ou um representante de Cristo, na Terra; se ele não fosse escolhido pelo Espírito Santo eu até entenderia. Mas ele se opor a quem o colocou lá, isso é-me difícil de aceitar. Contudo, orarei por ele.
     A renúncia de Bento XVI inspirou minha amiga, já cansada em um casamento difícil, desgastado por um marido adúltero, indiferente e de personalidade complicada. Ela segurou seu casamento por mais de trinta anos. Disse-me com segurança:" O papa renunciou, está cansado, sente que não tem mais argumentos para levar sua tarefa adiante. Eu também cansei. Vou cair fora sem remorços, sem culpa".
     O papa se cansou de um cargo; continua sacerdote para sempre.
     Atitudes são resoluções pessoais. De fato, é melhor tomar a atitude de cair fora que somatizar doenças. E o papa deve dar graças a Deus, pois se não houvesse um Estado, com toda a parafernália que o envolve, ele seria tão somente um sábio líder religioso.