terça-feira, 27 de setembro de 2016

De como ocupar corpo e mente

Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas. Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente. Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas. Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma. O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol... Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna. Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.

De como ocupar corpo e mente

Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas. Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente. Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas. Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma. O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol... Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna. Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.