quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Luminosa Vida

Fique sempre no mais alto. Como claraboia proceda. Seja a translucidez seu alvo. Ao lutífero não ceda. Não siga o lucífugo, fugindo da luminosa Verdade. Seja sua transparência fogo. Sua alvura, a caridade. Pequena ou grande lucarna, o importante é vazar luz, de sua defesa, arma. Luz solar, fogaréu, luz de vela. Seja luzerna que seduz. Leve o Eterno por ela!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Homenagem à ALJA - Academia de Letras José de Alencar

ALJA - Mostarda e Águia Sou a Casa de Letras a crescer eternamente, juntando talentos, qual pedras justapostas harmonicamente, com garra e seriedade. Gerei a menor semente, biblicamente enaltecida. Tornou-se ela, tão somente, ALJA, hoje aqui fortalecida, nesta bela realidade! Meio a muitas Casas de Cultura, neste universo, me encorajei a bater asas; a criar sonhos, em prosa e verso. Levo a muitos o fervor da verdade! Venham todos os amigos. Venham com música e poesia. Venham com vinho, pães e figos. Celebremos nossa Academia, enaltecendo nossa amizade!

domingo, 23 de outubro de 2016

Casa do Poeta

Homenagem à Casa do Poeta de Campinas Sou a Casa do Poeta e nasci em berço de ouro, pelo tesouro que me foi confiado. O brilho amarelo do sol aquecia nossa casa e a primavera cantava em versos férteis. O explodir do riso farto em cascata, envolvia a todos. E o ar se vestia de festa! Fui crescendo, de bebezinho a criança inteligente; de formosa adolescente a jovem culta, eficiente. Hoje, é meu aniversário; completo vinte anos e conclamo a todos: vinde! Vinde o violão e o tenor; sem temor, achegai-vos corais e poemas , piano e teclado até sanfona ou só sorrisos e aplausos. Aguardo quem revele emoção em verso comovente, alegre ou triste, fazendo chorar ou bailar até o mais insensível, que resiste aos acordes e ao festejo da hora. Agora, como antes, meus braços abertos, acolhem o pequeno e o grande talento, para o sarau - vesperal - que invento ou algum majestoso evento. Cumpro, na alegria, meu dever de zelar pela cultura desta terra campineira, a fechar, dentre muitas, como moldura, sua riqueza de música e literatura. Neste dia, pois, sou muito feliz, quando alguém a sorrir me diz: "Parabéns, Casa do Poeta de Campinas!"

domingo, 9 de outubro de 2016

Mutação

Quero ter tempo pra tudo. Contudo, que este tudo seja apenas vivido hoje. E, dentro deste hoje, aqui de qualquer hora, viver muito bem o " agora". Sem pressa, com grande alegria e vigor. Sugar, sem temor apenas o " já " desta hora... É bem isso que quero: beber o momento, a fração de segundo de cada minuto, indo ao fundo... Sem criar barreiras para o bem e o bom, passar como relâmpago pelas coisas tristes, sombrias, dolorosas. Ou quem sabe, com sabedoria divina, transformar as sombras em luz e a morte em vida!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

De como ocupar corpo e mente

Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas. Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente. Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas. Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma. O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol... Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna. Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.

De como ocupar corpo e mente

Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas. Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente. Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas. Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma. O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol... Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna. Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.

domingo, 21 de agosto de 2016

Matutando

Faz falta o gosto de Minas: fundão de mato, cheiro de bicho... Faz falta montanhas azuladas e casinhas entre galhadas com jardins em volta... Fumaça nas chaminés de chalés quase ocultos por araucárias centenárias! Faz falta um riacho com canoas, pescadores sonolentos, e vaquinhas mochas, pastando em pasto ralo, amarelecido, que a chuva é pouca e mineiro descuidado... Mas o gado, persistente e forte, como o caboclo. Faz falta o silêncio, o passaredo de qualidade e um bom amigo que ficou na saudade! Falta todo o tempo do mundo, pra pensar fundo na vida e esquecer a cidade... Faz falta tudo isso. Muita falta! Falta Minas e falta você!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Tempo de Crise

Lá estavam os dois homens a carpir. Os carpidores nem me viram chegar. Eu fora conferir a carpição, para que a semente fosse bem acolhida... O sol ia alto sem piedade da plantação, sem escurejar por trás de nuvem nem de morro ou serra, para aliviar a sede. Precisavam parar um pouco. Beber água fresca, almoçar... Em tempo de crise, precisam batalhar mais. Quando falei de crise, de falta de dinheiro, o mais trigueiro, fulminou-me com o verde dos seus olhos e vociferou vaticinante:- " Dona, nóis não tem crise, não; nóis vende nosso armoço pra pagá nossa janta." Calei-me. Se ao menos eu tivesse olhado dentro de seu bornal, eu constatara afinal a escandalosa ausência de sua matula. Imatura eu! Essa gente vive pela metade, semivida; sem vida até, tentando ter fé no amanhã, que o hoje já se foi!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Festa Junina

Faz tempo, quando chega junho ponho- me a pensar numa festa junina que aconteceu na minha infância. E questiono se não seria porque eu era muito criança que aquela festa pregou -se em minha memória e se tornaria uma de minhas saudades mais acalentadas. Meu tio Vicente, um belo rapaz que despejava alegria para todos que o rodeavam, apaixonara-se por Ana, vendo-a no meio de uma multidão, quando o azul dos olhos dela se cruzaram com o cerúleo dos olhos dele. E foi uma paixão frondosa, robusta e invejável. Ela, que tinha o apelido carinhoso de Anita, era minha madrinha e eu gostava muito dela. Não sei dizer qual dos dois era mais alegre. A diferença maior era que ele gostava de dançar e ela era mais caseira. Contudo, não o apoquentava quando se fantasiava e saía em bloco de carnaval ou se vestia de caboclo nas festas juninas. Não falarei do amor e do carinho com que minha mãe falava dele, seu irmão caçula: eles se entendiam muito bem. Contudo, aqui só quero-me lembrar daquela noite de encanto. Chegamos à casa de madrinha Anita dois dias antes do sábado festivo. Era muita informação para meu cérebro de sete ou oito anos: havia um entra e sai de criados ou parentes, cada qual sabendo de sua função, orquestrados pela maestrina: uma finalizava o doce- de- casca- de laranja, de abóbora com coco, de mamão e de cidra; outra despejava sobre a pedra mármore o pé- de- moleque, outras pregavam as bandeirolas: muito barbante, cola ( de goma - arábica) eu só observava. Brincávamos num imenso pátio, onde começaram a erguer um altar, uma enorme fogueira e os três mastros com as bandeiras dos santos Antônio, João e Pedro. No sábado, logo ao amanhecer, já havia muita lida na casa. Homens fortes carregavam lenha da carroça para o centro do pátio. A fogueira, rapidamente mostrou- se imponente; aquilo para mim era algo fantástico. E chegavam ainda mais ajudantes dos arredores mesmo lá das alturas da serra. O cenário emoldurado pela Mantiqueira era uma obra de arte. E prepararam pamonhas, canjica, biscoitão, linguiças, pernil e pastéis de farinha de milho; a pipoca deixaram para arrebentar mais à noite. O quentão se apurava em enorme caldeirão. Aqueles homens alegres, colegas de meu tio, que tinham o descanso apenas no domingo - trabalhavam na Usina de São Bernardo, pertencente à Companhia Sul Mineira, geradora de eletricidade para Itajubá e algumas poucas cidades em derredor. Então, meu tio e esses amigos se revessavam nos diversos trabalhos pendurando os muitos metros de bandeirolas... Naquela noite mágica, alguém acendeu a fogueira que imponente dominava a cena; enorme mesa de quitutes, com atoalhado branquíssimo, exibia orgulhosa toda essa gama de cores e sabores que meus olhos não abrangiam. Minha avó iniciou a festa recitando uma parte do Rosário e pedindo proteção a Deus - com os rogos dos três santos homenageados - e me recordo que crianças, jovens e adultos acompanharam com sincera devoção. A partir do final da reza, os sanfoneiros e violeiros entraram a tocar. Meu tio e muitos homens vestidos à moda rural - como se julga até nossos dias - e as jovens ornamentadas com flores nos cabelos e vestidos de babados, com rendas e fitas ou chapéus dançavam animadamente. Lembro-me de que a dança chamada quadrilha era marcada em língua francesa, pois de fato sua origem é europeia, mais precisamente da elite parisiense. Era uma brincadeira muito divertida e alguns solteiros saiam desta festa já com namorada. A madrugada surgia e as pessoas não se animavam a despedirem- se... Ainda ficamos por lá no domingo. Eu fora com minha avó, de charrete e regressaríamos a Itajubá desta mesma forma. Assim, na segunda - feira algum funcionário nos levaria. Dormi de tão exausta pois a excitação era demasiada para a criança que eu era e meus primos ainda mais novos. Hoje, festa junina não tem graça : as pessoas não se animam a se fantasiarem; as comidas são grosseiras, algumas até industrializadas; as músicas numa espécie de show sertanejo que de sertão nada tem. Não vejo a quadrilha marcada nem em português quanto mais em francês... Pode ser que lá pelo Sul de Minas ainda mantenham esta festa folclórica que lembra a abundância das fazendas até os anos sessenta. Agora, vou pôr a dormir minha saudade que um pouco deste sonho distante já revivi enquanto escrevi.

domingo, 26 de junho de 2016

Marcas do Tempo

O tempo se programou.
De mansinho se aproximou
e no meu caminho se instalou.
Enquanto voa o tempo,
sigo firme ou vacilante,
nos passos que carrego,
ora amiga ora amante...
Rugas já se avolumam,
no sorriso e na tensão.
Mãos calosas, veias grossas,
reclamam por atenção.
O brilho opaco do olhar
finge enxergar sem lentes.
Mas quem comanda meu dia
é meu coração feliz,
que nunca sente apatia
nem se importa com quem diz
que tenho, nas marcas do tempo,
as marcas que nunca quis.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Encontro do Infinito

O lago esbanjando claridade,
espelhando o sol, ferindo-me as retinas...
Retive a emoção!
Levei a sensação de perenidade mata adentro...
O véu das ramarias, entrecortado de luz,
dançava ao vento, como no tempo de fadas,
no mistério multicolorido de aves e borboletas.
Congelei o momento na memória da saudade,
tal o encantamento, tamanha felicidade!
No infinito azulado, tem gosto de eternidade
o albatroz pairando em círculos, senhor do universo!
No anverso da paisagem, a imagem fugaz
de um homem em paz,
à beira do lago, pescando esperança...
Deslumbramento do encontro do infinito!
Dentro em mim, o lago na calmaria, a luz perene,
bondade e beleza, no auge do esplendor!
Aqui encontro Deus, o eterno, o tudo!

A paz que se busca como andarilho,
não dura nem tem o brilho
da que se encontra dentro de ti!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Da Fé e de seu Exercício

Lá estavam muitos sem esperança, alavancados no medo. O medo era real, em parte - também aumentado pelas densas nuvens do desemprego e da doença. A mídia a anunciar, como vendedor de pipoca, que as pandemias estavam fazendo a festa desde o esgoto a céu aberto até ralos córregos quase a secar...
Ela chegou mansa, devagar, como quem respeita o sono de criança de peito. Jeito bonito, educado, leve e abraçador. Falou baixo sem pretensão, que o tempo pedia Fé. E quando se fala em fé, pode ser fé na vida, em ficar rico ou ser miss do milho ou da cidade caipira. Mas a  Fé de que ela falava era o sentimento maior que busca o céu e alcança milagre. E disse, sem rodeios que não se pode ter fé apenas teórica. Ela começa na mente - despertada a razão - passa pelo sentimento e deságua em ação.
Se não se concretizar em atos, é morta! Além de um pedaço de pão ou um copo d'água podemos oferecer uma refeição completa aos assassinos mais cruéis que vivem nas prisões. Pode acontecer que o amor embutido em cada naco de frango ou garfada de maionese chegue ao coração daquele que nunca recebeu atenção...
Outras obras são espirituais- obras de misericórdia - como visitar algum doente em sua casa ou hospitalizado. Há idosos que vivem solitários, sem parentes nem amigos. É só buscar e encontraremos um campo vasto para exercermos a verdadeira Fé.
Se nada disso for possível, resta a força da oração " alavanca que levanta o mundo" - no dizer de santa Terezinha de Lisieux.
Se cremos em Deus, em Cristo precisamos mostrar ao mundo que neste caótico desencontro podemos ainda encontrar um lírio no meio da lama.

sábado, 5 de março de 2016

Na aridez dos dias maus

A palmeira derramou quatro
desbotados braços de galhos,
esturricados e lamentosos,
esfolados pelo ardor amarelo
de um sol desapiedado.
Soltava a pobre árvore
gemidos lânguidos e trêmulos
nas manhãs, nas tardes e nas noites
de uma primavera ingrata e avara,
nada de brisa, nada de orvalho
nem chuvisco a chorar a seca...
Consolada pelo sanhaço,
amada pelo sabiá - barranco,
arrancou solidários suspiros
do manacá, despido de cor e vaidade,
já na saudade de suas flores,
que jaziam em tapete, sobre o amarelo
do gramado que um dia fora verde.
Choram inda na manhã de domingo,
o pardal e a rola que rola na pouca
poça d'água que noutro dia sobrara
da rega e logo se secará...
Sob a hera que se tornara seu teto,
numa sombra curta e rala,
perto da murta e do jasmim,
ainda o sanhaço lamenta
com todo o jardim!
Chora a chuva que não chega.
Vai-se embora a primavera
e o verão secará o rio e a lagoa.
Isso não é promessa boa!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sem Comentários

Preciso de um chá de capim cidreira. Talvez a textura  verde da erva hortelã, à hora de dormir,  me faça pegar o sono que me tem escapado, sem pedir desculpas.
Não comentarei sobre a Zica, que deve ter - se alimentado da Dengue, que deve ter surgido da falta de saneamento básico, atrás de entulhos grosseiros, gramas a medrar fora de seus limites ou os mosquitos que gostam de nadar nas poças que enfeitam as lages de construções mal - acabadas. Também, temos um desgoverno geral e a corrupção correndo solta - cada dia um novo nome ilustre - peço desculpas pelo adjetivo usado - não falarei disso. Contudo, esta Zica deve ter surgido para desviar nossa atenção e ocupar nossa mente com algo que toca nosso instinto de conservação da vida!
Não questionarei as recentes mortes na Síria - de quem mesmo é a culpa? Nem sobre  outro norte- americano perturbado que chegou atirando, daquele jeito quando dizemos que o atirador é um frustrado; alguém rancoroso...Lá, tal comportamento é clássico e histórico.
Nada falarei sobre as numerosas pessoas desvairadas que perderam tudo e buscam asilo na Europa Central. No desespero, pagam caro e se atropelam em frágeis barcos e muitos nem alcançam seu destino: morrem no meio do mar; surgem na praia como rejeito das águas!
E o ciclone, as enchentes muitas, a catástrofe que atingiu a essência límpida da água do Rio Doce?!
Realmente, preciso de um chá de capim- cidreira!
E, procurando onde se obtém a vacina Imuno -BCG - para tratamento de câncer de bexiga, que era produzida no Instituto Butantan - em S. Paulo, descubro que este setor foi " transferido" para uma tal Fundação Ataulpho de Paiva - única no Brasil a poder fabricar, mas não o está fazendo! Prometeram que estaria pronta em janeiro; depois em fevereiro e, finalmente que a teríamos em março. Como é possível este precioso e indispensável medicamento ficar em mãos de único laboratório que nem se da o trabalho de explicar a quem o procura, o motivo de terem parado com a fabricação? Ouvi uns boatos de que há grande demanda. Não discutirei tal argumento. Este não me convence.
Já falei sobre o terrível mundo da ficção de Orwell. Sem mergulhar em " Arquivo X", quero-me juntar a algum grupo alienado, porém mais feliz, sem pesadelos de olhos abertos, como tenho vivido.
Viver é correr riscos...
Todavia, minha alienação não me levará a ver BBB- nem novelas de mau gosto, de pura gritaria e agressões! Bons livros estão embalando meus dias; fuga para o jardim, com uma jarra de limonada, também ajuda a espantar o calor e a escuridão  densa de pensamentos e sentimentos que tentam aprisionar-me...
Não tecerei comentários sobre aqueles que trabalham para aliviar o peso do mundo, enquanto outros não os ajudam nem com a ponta de um dedo! Também não há frases capazes de exprimir a fragilidade e a mesmice de filmes e todo o conteúdo manipulador dos meios de comunicação...
O jeito é ter sua catedral de cristal, dentro de si mesmo e ao menos alguma alma gêmea para trocar uma xícara de chá, enquanto o sol se põe chorando e a lua começa a surgir, timidamente, como sentinela desarmada, a juntar-se a uma população desprotegida.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Apenas Vivendo/ Relembrando

As festas ainda nem se diluíram no tempo - pois que tenho a casa cheia de corre- corre, gritinhos de netos e agregados, graças a Deus - e vamos somando os feitos, os não -feitos, os bem- feitos e sempre restarão alguns mal- feitos. Coisas da vida. Não lastimarei o que deixei de fazer ou os mal - feitos, seja pelo bem de outros, seja porque estou apenas vivendo, sem cobranças.

Já falei e repito o aprendizado de que " o hábito é uma segunda natureza". Uma vez que se acostuma a trabalhar pouco, a dormir de menos, a comer errado, isso se tornará parte de você. De outro modo, se me acostumar a trabalhar muito, a dormir o quanto me baste e, se não bastar ficará para outra vez, já que o trabalho virá antes; se me acostumar a comer corretamente e ainda a me exercitar no corpo e na alma: tudo isso será um hábito. Fará parte integral de minha personalidade. Meu pai dizia isso em outras palavras:" o uso do cachimbo é que faz a boca torta."
Por isso, eu disse: estou apenas vivendo. E este estar apenas vivendo não significa que deixarei meus sonhos sem regas. Não! Não os deixarei murchar nem desbotarem-se como tem acontecido com meus lírios, neste tempo de seca selvagem. Sei que a estrada da vida vai ficando muito mais íngreme a cada dia que termina.
Continuo obstinada com a escrita. Se alguém vai ler, isso é outra conversa. Gostava de escrever desde muito criança. Ver as letras, as frases e os parágrafos a preencher o branco do papel numa cumplicidade perfeita. A tinta a dançar como um fio d'água escorrendo morro abaixo, registrando meu pensamento até minhas emoções, fuçando e remexendo toda a tulha de minha alma...
Isso para mim é viver! Então, repito: estou apenas vivendo. Sem cobranças de onde andará meu novo livro de poemas? E aqueles contos dormindo na gaveta? Poderiam iluminar alguma face, num riso maroto ou constranger quem tem algo a esconder. Esperança, talvez espanto, curiosidade ou saudade poderiam minhas historietas ressuscitar. Nalgum dia, eu as resgatarei, se a nau do tempo o permitir. Não deixarei de percorrer meu caminho. Tentações para cruzar braços e pernas, parar com tudo e só "curtir" nas redes sociais já as ouvi muitas. Não cederei a tais ofertas. Só que meu ritmo está vagaroso tal uma tartaruga velha. Vou colhendo, no entanto, muito mais rosas que espinhos; mais consolo que desalento. Enquanto eu tiver fôlego, falarei com minha melhor amiga - eu mesma - e meu Mestre - o Senhor Jesus Cristo. Falarei, em prosa e verso, com amigos fiéis, peregrinos que somos, na mesma trilha.
Como amante da língua portuguesa, lembro-me de que neste 2014 que se finda, comemoramos oito séculos de Língua Portuguesa, sendo o primeiro documento oficial registrado em 1214. O Brasil e Cabo - Verde, lançaram selos comemorativos a esta data. As homenagens prosseguirão até meados de 2015. Sem me cobrar, pretendo escrever sobre isso.
Para não esquecer gravemos, países de Língua Portuguesa: Angola, Brasil,  Cabo- Verde, Guiné - Bissau, Moçambique, Portugal, Timor- Leste, São Tomé e Príncipe.

Ano Novo - 2015 - sem cobranças; sem promessas.
O que eu fizer, estará feito.
Só não deixarei de amar ninguém. Aqui ou como estrelinha, apenas vivendo!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Das Nuanças da Personalidade

Quando criança e adolescente, fui uma pessoinha tímida e muito introvertida. Pouco conversava em casa com meus pais e irmãos, apesar de sermos uma família de sete pessoas - crianças e adultos falantes, agitados até cantantes. Minha mãe era uma contadora de histórias e cantarolava enquanto executava suas muitas tarefas domésticas. Dentre os irmãos, pelo menos dois eram extrovertidos - cantavam até em público e ainda contam suas piadas e histórias cercados de olhares curiosos...A menina quieta e pensativa era muitas vezes criticada; meu pai, porém, entendia aquele jeito introvertido e discreto pois também ele era de pouco falar, mais pensativo e filosófico em seus juízos. Meu marido é um homem silencioso, focado no que faz, fala só o essencial. Algumas vezes, ele se envolve em conversas de temas específicos e a fala flui magistralmente. No entanto, socialmente tem dificuldade de se  misturar e interagir. Somos introvertidos, sem com isso  dizer incapazes de rir muito e falar coisas inteligentes ou tolices impróprias, de vez em quando. Em nossa idade adulta, ouvimos muitas observações maldosas, sobre pouco falar de um e muito falar de outra, na visão de quem se julgava com a perfeição em sua personalidade extrovertida ou pessoas sem o menor senso de realidade até educação.
Nestes dias, ouvi uma palestra de Susan Cain:- " The Power of introverts"- onde ela chama atenção para que se valorize os introvertidos. Vemos desde meados do século XX até hoje que empresas e a sociedade como um todo valorizam mais os indivíduos extrovertidos, que fazem muitos contatos e conquistam outra dezena de amigos em poucos meses. Aqueles que se esforçam para agradar, para serem o centro das atenções e receberem os aplausos - seu alimento diário. Há os que saem de um evento qualquer já com uma agenda gorda de muitos nomes e datas para encontros futuros. Não esperam ser convidados; eles convidam e programam seus desejos. Gostam de exibir centenas de amigos que mal conhecem, nas redes sociais, ou são " seus seguidores". O introvertido - segundo a palestrante - e confirmo na minha parcela de introvertida - odeia trabalhar em grupo; prefere fazer seus estudos e resolver seus problemas individualmente - quase sempre rende muito mais e o resultado é de ótima qualidade. O trabalho em grupo os tolhe, em parte bloqueia sua ação.
Quando se somam a introspecção e a timidez, o indivíduo introvertido se questiona sobre o revelar-se demasiadamente. Volta, então, para sua redoma de vidro, sua zona de conforto de onde não desejou sair. É um presente divino quando um introvertido encontra outro semelhante. Alma gêmea a compartilhar com poucas palavras até só com um olhar ou um sorriso complacente, como a dizer:-
 " hoje, só por pouco tempo, estarei aqui fora..."
Sejamos nós extrovertidos ou introvertidos precisamos exercitar a tolerância e enxergarmos o valor de cada pessoa, com as nuanças características de sua personalidade. Ninguém é formatado em  um só aspecto. Temos a cor mais acentuada de um extrovertido ou a cor mais pálida do introvertido, sem com isso valorizarmos um mais que o outro. Urge valorizar o introvertido, pois a partir de suas reflexões, temos tido ao longo dos anos, os pensamentos filosóficos e teológicos, as ideias brilhantes dos cientistas, dos escritores e poetas, dos monges e  de todos que deixam um pouco a extroversão e entram na solidão criativa e no silêncio eloquente. Já o Cristo Jesus, que tinha uma exuberante personalidade - depois de muito ensinar e curar - afastava-se de seus amigos e permanecia por muitas horas da noite, em meditação e oração. Era reavaliar seu dia e abastecer-se para o trabalho do dia seguinte. Bom exemplo este do Mestre que acolhia a todos, sobretudo aos mais difíceis.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Lamento da Natureza

Ouço o pesado e rouco lamento
da bem- te- vi solitária.
Está a se esconder do vento,
a refrescar seu corpo
sob a touceira de murta!
O amarelo quente do sol
não promete chuva.
A passarinha chama seu amor
que traga alimento para seu rebento
que acaba de nascer...
A esperança se junta nos cúmulos,
mas os cirros dissipam o desejo.
Vejo a insistência dos pios
e supro a carência com banana
e a pureza d'água.
Juntam -se aos pássaros
a palmeira seca e as flores
que gemem a implorar socorro.
Tomara tudo amanheça molhado,
e a natureza se ponha a cantar,
sem fome nem sede nem lamento. 

Dilúvio

Os primeiros pingos d'água foram como timidez de criança de seis anos...
Vieram inocentes como quem brinca de esconde - esconde, intermitentes, fingindo fraqueza.
Achei-me num barco de parca madeira, com apenas duas janelas, no andar superior, veladas por espessas cortinas.
Ali, poucos entraram e nada nem ninguém saía.
Depois de um tempo, a moleza d'água solapando as frágeis estruturas desse barco corpóreo, o estrondo dos trovões, descarga elétrica percorrendo todo o ser...
O dilúvio se instalara!
A tormenta varrera o céu de minhas entranhas mesmo o da emoção e o do pensamento!
O barco balançava desgovernado, sem amparo nem qualquer referência de sorte!
Do meio do caos, uma voz:
- " Espera, vai passar!"
Como, aliás, tudo passa, nesta vida.
Mas havia o medo. Ah! O medo! O medo ameaçava ruir toda a embarcação.
Cantando a ladainha dos santos, suplicando uma trégua aos céus, bichinhos irmãos, um velho leão e uma leoa lúcida...
No meio do barco, num arco de aura cristalina, o altar do sacrifício.
Ali, eu sacrificara novecentos dias de angústias, em muita lágrima, como água salgada. Como lágrimas dos que tudo perdem.
Depois, na exaustão do sofrimento, o resgate. O cheiro bom de terra molhada e o equilíbrio restaurado.
Vencera a vida! Se eu tivera o dilúvio só cá fora, não me transformara. Eu fora uma lagartixa muda e assustada. Renascera uma sabiá cantante!

sábado, 2 de janeiro de 2016

Questão de Consciência e Compaixão

Temos ouvido o tempo todo sobre intolerância religiosa, preconceitos de todo tipo e um mundo atordoado em plena agitação e temor de guerra, no ar que respiramos.
Muitos de nós já vivemos meio a deboches e seguimos em frente, sem baixa estima, sobretudo os que fomos bem educados e valorizados pelos nossos pais e familiares. Há uns com inteligência parca comparados com outros mais inteligentes; há muitos bonitos - homens, mulheres e crianças - que se exibem diante da irmã feia ou do irmão com alguma deficiência. Sem pudor, cometem gafes e faz piadas idiotas. Alguns exemplos me vem à memória: a excelente cantora e atriz Barbra Streisand - estrábica e com nariz inadequado a seu rosto, teve algumas sugestões para fazer cirurgia plástica e torna-lo mais aceitável a seu fotógrafo. Nunca se deixou levar por estes comentários maldosos; seguiu em frente com sua maravilhosa voz e ganhando muitos prêmios tanto na música quanto pelos filmes. Outro, o cantor Juca Chaves encarou ele mesmo o avantajado nariz que mereceu uma modinha, cantada e aplaudida em todos os seus shows. Uns tem olhos muito espaçados e grandes, outras os tem muito apertados, como Carla Bruni. Vemos os atores, o francês " beiçudo"  P. Belmondo e norte- americano J. Malkoviche, estrábico, nem de longe um modelo de beleza. Mas seduz pelo seu enorme talento. Estes são apenas alguns de muitos exemplos a serem seguidos. Quando falarem de nossos supostos  ou reais defeitos físicos e comportamentais, desarmamos o agressor levando na brincadeira. Você pode apenas sorrir ou perguntar se ele está com inveja?
Ou nós rirmos de nossos pontos fracos: se sou muito alta, ou muito baixa ou acima do peso...Se eu mesma aceito e brinco com o que seria zombado, tiro o argumento do outro que se sentirá vazio.
Neste último mês, estive em uma clínica de oncologia e o que vi sobre aparência e carências muitas das pessoas que ali frequentam, tocou-me profundamente. Ao meu lado, uma senhora totalmente calva, optara por não esconder sua falta de cabelos. A maioria está calva ou com cabelos bem ralos. Mas são muito criativas: a moça de frente, muito bem maquiada, prendeu o estampado de seu lenço num feitio de trança que ficou muito bonito; outra, usava um gorro colorido. A um canto, um idoso descansa ou sucumbe com a cabeça apoiada entre as mãos. Outro segue a se arrastar, muito frágil, sustentado por uma jovem, talvez uma filha. Sempre vejo uma senhorinha idosa, que se veste de chita e calça chinelos. Chega constrangida como se estivesse a transgredir. Vai ao balcão, marca presença e arruma um assento. Seu chapéu é de palha, mas não tem o estilo bonito daqueles de praia, próprios para senhoras. É um chapéu masculino, porém, ela carrega seu desânimo com dignidade, cabeça erguida, sob o amarelado do chapéu velho. É uma figura exótica, mas sua preocupação é a cura; isso é tolice. Vi também o jovem de perna amputada com ares de aceitação; câncer nos ossos, certamente.
Nestes dias em que ali estive, recebi ensinamento para o resto da vida. Foi como se um enorme sino de bronze caísse sobre minha mente e despertasse minha consciência sonolenta, não mais adormecida. Pois creio que estas pessoas, jovens ou velhas, jamais olharão os seus semelhantes comparando a cor da pele; os cabelos lisos, ondulados ou crespos, seus olhos, orelhas nem outros detalhes. Precisamos ser gratos a Deus se temos saúde completa. E os que ainda vivem presos na arena do preconceito e da ignorância deveriam dar uma passadinha semanal numa dessas clínicas. Quem sabe um sino de bom senso, no peso de enorme sino de bronze caia também sobre suas mentes e encontrem coisas mais úteis para falar e comecem a praticar a compaixão.