terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pacto de Confiança




     Se à minha esquerda
     Há uma batalha cerrada,
     Outra à direita sugere minha perda.
     Não ficarei assustada.

     Ele me repete fala antiga:
     Se com Ele fiz um pacto,
     Manda - me legião amiga.
     Isso acontece de fato!

     Acolhe - me porque chamo
     Com poder Seu Nome.
     E com total entrega O amo.

     É um amor que me consome;
     Um fogo de luz mais que humano.
     E dá - me do Eterno mais fome!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Boas Notícias

     Gosto muito de uma melodia que diz que o amor está no ar - " Love ( is ) IN THE AIR "- é uma música dançante, muito alegre. Não contemporânea, interpretada por Paul Young, esta melodia encontra eco em meu jeito de viver a vida e ver o mundo ao redor. Ao me acordar, antes do café- da- manhã, olho através da vidraça e sinto o amor de Deus, sua própria Presença, nas singelas flores de meu jardim. Saio do espaço - tempo, acompanhando a dança dos pássaros e das borboletas orquestrados por mãos angelicais. Sinto o amor, na boa notícia de que sou amada e amo; na convicção de que o sol, o céu azul, as núvens - como algodão - doce - até a chuva e dias amargos são presentes do Altíssimo. E, nas horas difíceis, o amor me abraça ou me aparece em forma de esperança, num cartão postal, num e-mail, um telefonema, no Skype até numa carta! Essa boa notícia por carta é rara nos dias atuais. Muitos vivem na correria - tem centenas de amigos virtuais, não desgrudam das redes sociais, mas sem tempo para um papinho cara - a - cara.
     O mundo, de modo geral e nossa nação, particularmente, carecem de paz e alegria. Agir em favor de valores éticos e morais é nosso dever, sem perder, contudo, a delicadeza. Precisamos usar a força do Direito e não o direito da força. Ouvi muito isso, durante a minha infância. Ignoro o autor dessa boa notícia. Se não quisermos verbalizar nosso amor, podemos sorrir, olhar dentro dos olhos, abraçar, sussurrar. Se desacelerarmos nosso dia, passaremos um pouco de calma ao derredor. Uma boa melodia é um recado e tanto; ela contamina para o bem, como carranca e agitação nos arrastam para o mal.
     Fiquei a pensar sobre isso ao ouvir e ler más notícias, num único dia: moça grávida falece após receber um tiro na cabeça; menina morre com bala perdida; mais uma funcionária recebe outro tiro na cabeça! Várias chacinas ocorrem na capital paulista e em outras cidades! Não são estas, notícias de jornais de terceira categoria. São as que lemos e ouvimos nos principais veículos de comunicação. Alienar - se, sair para escapes geradores de doenças não resolve. Precisamos espalhar amor por toda parte; precisamos urgentemente de boas notícias.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ritos de Passagem

     Na verdade, não fiz hoje nem por estes messes passados, nenhuma mudança em meu viver que justificasse algum rito marcante. Celebramos, é correto dizer, o nascimento de meu Senhor e Salvador, Jesus, o Cristo. Sinceramente, Jesus que me desculpe, seu aniversário está muito deturpado, avacalhado mesmo. É a festa da gastança e do estômago; o " amigo secreto" querendo aparecer com o melhor e mais caro presente e furioso de ter recebido algo que julga de inferior qualidade...
      Hoje, celebro meu aniversário de casamento. Sem festa, sem alarde, sem os filhos nem os netos. Contingências normais. Estamos saudáveis e felizes, isso é o que importa. Um cumprimento que nos chega do outro lado do mundo é mais que champagne e caviar; muito mais que violino e rosas vermelhas.
     Tenho ciência de que estamos prensados entre o nascer e a derradeira hora; estes são os dois ritos de passagem mais significativos do ser humano. Antes de nascer, com todos os preparativos médicos e de total envolvimento familiar, de posse do sexo da criaturinha começam a especular sobre o nome da criança. Logo após o nascimento, a criança é registrada com seu nome pomposo ou simples e seguem-se as incansáveis e obrigatórias visitas; trazem presentes e recebem lembrancinhas de gratidão. Depois, a cada ano, é um evento palaciano o ritual de passagem, com festa para familiares e amigos, envolvendo garçons, decoradores temáticos, uma parafernália que não existia há anos! Observo ainda certos ritos religiosos que uns seguem pela crença, outros para não se sentirem excluidos, como acentuou minha amiga de Fortaleza. Disse que batizaria a filha para que esta não fosse diferente das outras. Isso é como você comer papelão molhado porque a maioria o está comendo!
Os cristãos - católicos batizam seus filhos ainda bem novinhos; os evangélicos praticam o rito de mergulharem-se em rios ou lagos já adultos. São esses ritos que conferem a essas pessoas um carater transcendental. Ainda são levados a ritos mais envolventes, quando fazem promessas e renúncias de grande complexidade, mesmo não entendendo completamente sobre o que estão falando - afirmando ou negando. Assim também os judeus e os membros de outras religiões e seitas.
     Quanto ao sombrio rito de passagem para outro estado de ser - ou não ser, melhor dizendo - às vezes há longa preparação, se a pessoa arrasta vida afora uma doença crônica ou incurável. Durante este rito de passagem, muitos não se permitem o choro; fingem força, coragem ou fé. Não percebem que é terapêutico esvaziar nas lágrimas cansaço e frustração, tudo o que a partida do ente querido lhe impõe. Nos tempos longínquos, as pessoas pranteavam o morto durante seu velório e aqueles malvados, que não tinham quem lhes pranteassem, pagavam as tais carpideiras a gemer e clamar durante a noite inteira, quiçá arrancando seus próprios cabelos, enquanto o morto seguia em cortejo até o campo santo. Depois, as pessoas mais íntimas se vestiam de preto por um ano e, aos poucos, iam tirando o luto com roupas mais claras até voltarem ao estado normal. Vi ao menos duas viuvinhas namoradeiras em pleno luto, cujos vestidos pretos, muito decotados, deixavam à mostra os níveos colos convidativos. Nenhuma dor as assaltava, contudo, o ritual de passagem para esse novo status social exigia esse selo exterior.
     Os ritos de passagem não desaparecerão. Estão cada vez mais sofisticados. Festas de casamento - que duram por vezes apenas alguns meses - consomem cifras absurdas, incentivadas pela mídia, pelo gosto efêmero da fama ou de apenas ser notícia.
     Seja a dor, seja o amor; seja a fé ou uma iniciação qualquer, o rito de passagem poderia ser bem mais intenso se não se fizesse dele tanto alarde.