quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Do Silêncio e da Meditação

     Faz muitos anos que pratico a meditação, apesar de este hábito saudável ter sido por mim negligenciado. Eu me acostumara ao silêncio planejado, pois a oração - diálogo com Deus - é minha meta maior, senão a única. Não era fácil proporcionar - me a quietude do ambiente externo; muito mais difícil silenciar- me os pensamentos. Tinha o hábito de sentar-me confortavelmente em uma poltrona ou no chão, sobre um pequeno tapete. Colocava melodia adequada - quase sempre música clássica, de andamento suave - ou eu mesma cantarolava uns mantras ocidentalizados. Seguia a técnica das respirações conscientes, profundas e pausadas e a consciência de meu corpo, no espaço. Na respiração me concentrava e meus sentidos se acalmavam. A imaginação sempre teve papel importante em minha meditação. No entanto, é de suma importância gerenciar esta " louca da casa". Aprendera que a imaginação é a força da força de vontade. O Mestre Jesus Cristo já dissera e quase me esquecera de que nossos desejos devem ser visualizados e, nesta constatação, já os podemos agradecer porque os veremos concretizados. Eu gastava algumas horas neste silêncio e mergulhava no meu "eu" mais profundo. Resgatava o melhor de mim mesma, deletava mágoas e frustrações e pairava na paz, longe da insensatez do mundo. Contudo, esse método de usar muito a imaginação pode ser como uma faca de dois gumes, pois nem sempre o que sonhamos é bom para nós. Eu derrubava com muito custo, todos os rumores de fora e maior trabalho era fechar as portas do corpo e domar a vozearia da mente. Só este era meu caminho para o silêncio, onde encontrava a paz que eu buscava. Era meu estado de plenitude, como feto no útero. Voltava, vagarosamente, para o mundo das tarefas empíricas, quase sempre estressantes. Depois, descobri outras maneiras de encontrar o silêncio e atingir o equilíbrio de corpo - mente - espírito sem aquele ritual disciplinado, meio passivo.
     Agora, uso mais a meditação ativa, caminhando junto à natureza, margeando um riacho, embalada pelo rumorejar da água entre as pedras e silenciando a mente na sinfonia de pios e chilreios ou entre lagartas insolentes, no meu pequeno jardim.
     Há quem esvazie a mente pedalando ou nadando; correndo ou limpando a casa; bordando até cozinhando. A meditação ativa, escolhida e prazerosa também nos leva ao silêncio; o corpo pode estar cansado, mas a mente e o espírito estarão em paz.
     Enfim, nada que os orientais, os índios ou qualquer cultura primitiva já não praticassem.