terça-feira, 6 de agosto de 2013

Falar de Saudade

     Tenho alguns muito queridos que vivem longe, do outro lado do mar.
Sei bem onde estão, falo com eles e os vejo pelo Skype, ótima ferramenta para enfraquecer a saudade. Só que as risadas e algumas lágrimas necessitam de abraços e beijos reais. E dizer:-" estou morrendo de saudade" é muito pouco. Soa apenas como figura de linguagem. E minha filhota ficou a dizer das diferenças entre solidão e saudade. E, observando a letra de "Onde anda você" - Vinícius de Moraes e Toquinho - parece que saudade só acontece quando não se vê nem se sabe onde está a pessoa amada. Não. Não é assim. Pois sei onde andam minhas crianças, olho nos olhos deles e às vezes não da para fingir felicidade, porque a saudade começa a querer se mostrar e eu tento disfarçar olhando para outro lado. Mas esta saudade fica bem fraquinha pois não há rupturas nem muros com musgos de mágoas nem pendências de perdão.
     Saudade não tem a ver com solidão. Conheço solitários que não sentem saudade de nada nem de ninguém. E gastei parte do sono desvendando o significado desta palavra complexa. Confesso que não consegui, porque saudade diz respeito a sentimentos e cada qual sente de modo pessoal.
      Eis um ensaio de definir a saudade:

Saudadear
Saudade, nem amarga nem doce.
Depende da idade de quem a sente.
Saudade de ciança é sorvete.
Jovem, saudade até mente.
Saudade,
Seriam olhos sorrindo e coração chorando?
Ou angústia n'alma e lágrimas retidas
Em comportadas retinas?
Saudade é fechar-se no silêncio,
Encolhido feito feto...
Saudade é dor no peito.
É fingir, com despeito,
Que o subtraído amor
Ou o momento sublime, jamais fenecem!
Juntos, corpo e espírito padecem!
Saudadear, ou curtir uma saudade
É morrer um pouco para acordar mais vivo!