terça-feira, 25 de agosto de 2015

Surpresas

Nestes dias passados, ainda em agosto, ganhei uma fantástica surpresa! Algo nunca experimentado nem imaginado. E não consigo exprimir com exatidão os sentimentos que despertaram em minh'alma, as emoções que me invadiram sem me avisar.

         Já vi a morte muito de perto, também em surpresa, quando eu - nos mal- completos dezoito anos, fui designada pela minha mãe a conferir o que havia acontecido, em casa de minha avó, pois de lá - casa próxima à nossa - meu tio gritava assustado. Minha avó tinha uns oitenta anos e sofrera um tipo leve de AVC, que a limitava em seu caminhar; não, porém, no entendimento e na fala.
Foi automático meu proceder, impensado mesmo; ela estava voltada para a parede e eu a revirei para meu lado. O lado de fora da cama. Ela estava morta! Talvez tivesse falecido logo de madrugada. Eu estava vestida para ir ao colégio. Minha mãe ainda estava deitada; quem se levantava primeiro e preparava o café era meu pai. Então, busquei uma bacia com água morna, sabonete e uma toalha pequena. Um absurdo o que fiz! Dei-lhe um banho ali na cama, como fazem com doentes; vesti-lhe meias longas e finas, as roupas íntimas e um belo vestido preto de boa seda. Penteei seus cabelos e espalhei abundantes gotas de perfume.
Mas, esta é outra história, que me rendeu meses de pesadelos chocantes. Contudo, cito este fato, como outros semelhantes, quando digo que visto minha armadura de Joana D'Arc e enfrento a turba, nos caminhos tortuosos de alguma grande ou pequena dificuldade. Pareço de pedra para amparar as dores alheias. Poderia não ser assim, mas não quero desmoronar junto ao outro que está despencando. Preciso ser forte e amparar o sonho desfeito ou a dor que esmaga o coração.

          Tive muitas boas surpresas; mas envoltas em expectativas. Surpresa como me deram, porém, é difícil de explicar. Fui levada num envolvimento sutil, de meias palavras, de argumentos  vagos e de repente uma porta se abre e vejo-me num torvelinho de emoções boas e ricas; risos e rostos os mais inesperados, os jamais imaginados ali, naquela noite! Pessoas de muito longe, outras de perto; umas raras em meus dias outras mais presentes: todas brilhando em carinho, amor, luz. Naquela sala havia afeto de avó, de mãe, de filhos e de netos. Nos meandros da amizade e da ternura, senti o ruflar de asas angelicais de nora e esposo; sobrinhos e irmãos. Eu era Alice e tinha entrado no buraco da árvore; fiquei sem chão, sem a minha armadura; estava totalmente vulnerável. Então, as lágrimas desceram sem constrangimento. Aos poucos, muito lentamente, voltei à realidade e pude olhar os mínimos detalhes que a "grande equipe" me tinha proporcionado: vasos de pimenta, envoltos em tecido, pequenas jarras com florinhas minúsculas, vidros de pimenta etiquetados " Boteco da  Regina"; toalhas floridas e todos os doces que mais aprecio: quindins, olhos - de- sogra, bolo de coco e docinhos de nozes. Ainda me arrumaram um vídeo, com parte de minha história! E contrataram um músico e seus pares, para executarem músicas adequadas ao boteco e aos presentes. Sou grata ao bom Deus que me proporcionou este presente e a todos que o tornaram possível.
Agora, sei o que é uma surpresa sem a menor expectativa! Uma surpresa ótima, mas é preciso ter um coração muito forte, porque faz balançar todo nosso ser!

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Lições dos livros e dos filmes

Tanta agitação, tanto temor de que invadam nossa conta - não somos nenhum vulto importante nem pretendemos fazer mal a ninguém. Contudo, sempre estão a cuidar de nossa privacidade. É realmente estressante, guardarmos as diferentes senhas -  cada vez mais sofisticadas - com letras e números. Amigos e parentes a criticar-me por não ter " sap" ou "zapzap," como brincam. Dizem que combinam almoços, jantares, orações e muito mais. Elas não tem mais paciência para lerem nem enviar e-mails. Tudo fazem pelas redes sociais e mensagens que trocam enquanto assistem a um filme ou novela a conversarem com quem está na sala. Querem fazer tudo ao mesmo tempo...

Gosto muito de conversar de frente, olhos nos olhos, vendo as reações faciais, a calma ou agitação que a prosa provoca. Nestes últimos anos, tanto neste Brasil como nas grandes nações do mundo, a maioria anda muito agitada até sem saber a verdadeira razão que age subversivamente. Há uma nuvem escura, densa e perversa pairando sobre nossos dias, sobre nossos sonhos e ameaçando nossos parcos nacos de paz. Gosto de conversar com alguns, enquanto comem peixe cru e molhos à moda japonesa, com outros que preferem o filé ao molho madeira e um bom vinho. Então, num desses dias, ela me falava do filme Elysium. Uma elite vivendo fora do planeta Terra, na abundância de tudo o que desejavam. E, neste planeta, a maioria vivendo miseravelmente, na fome, na dor, no abandono. Pude recordar-lhes, o livro "1984", de George Orwell - que tornou-se filme - que vi e revi muitas vezes - para analisar e entender a mensagem; para não ser apenas uma diversão, mas um real  alerta sobre uma sociedade global controlada por uma elite que dita o que se pode e o que não se pode fazer. São todos monitorados, no trabalho, nas ruas e dentro de suas casas. E não é isso que, aos poucos vamos buscando ou somos manipulados a suportar até gostar? Logo vamos querer as câmaras " sorria, você está sendo filmado" - que já nos perseguem pelas ruas e salas de consultório - vamos querer que estejam a nos " proteger " enquanto dormimos...E, se por acaso, trocarem uma letra de meu nome ou um número  de meu registro, poderei ser presa sem direito a explicações. Estes filmes e livros de ficção científica são proféticos, no meu entender. Economista renomado me diz que avançamos rapidamente para este estado de uma minoria, uma ponta da pirâmide, a elite global estar na fartura, na saúde, na riqueza e no prazer e a multidão, na fome, na miséria, na loucura animalesca e cruel.
O "Admirável Mundo Novo" - de Aldous Huxley nos afirma que aqueles sobreviventes viverão felizes em completa escravidão - pois que foram manipulados, sofreram lavagem cerebral e são preguiçosos para pensar...Nesta linha, vemos o que fazem com nossas cabeças a propaganda a nos vender desde um perfume, um celular, um petisco até um candidato ao posto mais alto de uma nação. Então, rolam as mentiras envoltas em papel celofane, as promessas que nunca serão cumpridas.
Mais um para nos assombrar, Herbert George Wells - mais conhecido com H.G. Wells - com seus muitos romances de ficção. Nada muito assustador, se os tratarmos como diletantismo de quem sonha demais: a sociedade é totalmente anárquica, os bebês todos de proveta. Família tradicional, monogamia, privacidade, e pensamento individual criativo constituem crimes.
Consegue enxergar algum paralelo com os dias atuais? Ouvimos daqui e dali que há diversos modelos de família, fraturadas  acidentalmente pelo falecimento ou separação do  pai ou da mãe. Ouvimos que " faça como você quiser": duas mães lésbicas e nenhum pai; dois pais homossexuais e nenhuma mãe; também pode ser de quatro ou mais que se chamarão " cuidadores". É, assim fica melhor. Ninguém ficará humilhado. E seu marido pode ter duas ou três esposas ou a mulher terá quantos homens quiser, ao mesmo tempo. Quando parece que demos um passo em direção à ética, à moral, ao respeito, ao amor; damos um retorno ao animalesco, ao brutal, ao pornográfico. Tudo em nome da paz. Aqui, paz é sinônimo de desordem. Também os relacionamentos não devem ser duradouros. Não havendo paixão nem religiosidade, ficaremos como seres bestiais.

Pouco diferente destas obras, vemos o filme "Jardineiro Fiel" a denunciar os grandes laboratórios, onde sempre o lucro é quem dita as ordens, pelo crime de criarem as doenças e, em seguida, venderem a cura. E o livro " Poder Global e Religião Universal" de Juan C. Sanahuja. É a Igreja da Nova Era; a enorme tenda abrigando  as grandes denominações. De fato, não é para viverem em polêmica sobre qual religião é a verdadeira ou melhor. Mas, cada qual ficaria em sua crença, como amigos. Ouvimos " Um só rebanho e um só pastor." Só que este rebanho mundial não pensa de modo homogêneo; pois que se houve separação desde muitíssimos anos é porque são divergentes. E esta reunião apenas justaposta não promove o " um só coração, uma só alma."

Esses livros parecem proféticos ou alguma eminência parda está a seguir-lhes os rastros, como etapas não de um mundo melhor, mas de um mundo cada vez mais materialista, egoísta a plantar destruição.
Anunciam um desprezo pela vida, sobretudo pelos velhos e enfermos. E, temendo a superpopulação mundial, já limitam os tratamentos de idosos e deficientes de qualquer idade.

Se leio tais livros e vejo tais filmes, eles são minhas janelas para o mundo. Contudo, o que me alimenta o espírito é a meditação, à sombra do arvoredo, com o sussurro da água ou do vento; com o canto dos pássaros e um azul celeste, lavado em luz, anunciando esperança, n'Aquele que venceu o mundo