segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Momento Atual

No centro dos dias, ela,
a piranha devoradora;
a implacável corrupção!
Seu parceiro, o poder.
Também insaciável, destruidor!
Corroendo, sugando
toda a energia do povo!
E faltando o ar da Justiça.
Já tivemos juiz e muitos políticos
presos e logo soltos.
Não queremos o teatro
mesmo o circo ou a vaia!
Queremos o dinheiro da moradia,
da comida, da escola, da saúde...
Quem diria:-
Se o juiz é conivente com o réu,
quem o condenará?
O povo condena o político ladrão;
o povo reclama justiça.
Eu sou o povo!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Luminosa Vida

Fique sempre no mais alto.
Como claraboia proceda.
Seja a translucidez seu alvo.
Ao lutífero não ceda.

Não siga o lucífugo,
fugindo da luminosa Verdade.
Seja sua transparência fogo.
Sua alvura a caridade.

Pequena ou grande lucarna,
o importante é vazar luz,
de sua defesa, arma.

Luz solar, fogaréu, luz de vela.
Seja luzerna que seduz.
Leve o Eterno por ela.

" Se a luz que há em ti são trevas, quão escuras serão as tuas trevas" - Jesus, o Cristo.

Luminosa Vida.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Construindo Saudade...

Perdi o sono ou foi ele que se escapou de meus olhos, fugiu de meus sonhos, empurrou-me para fora da cama. Quase duas horas da madrugada meio fria, saindo quase do inverno. Já tinha ido pra cama meio tarde, após degustarmos um bom vinho que eu trouxera de Montalcino. E fiquei ali na penumbra do quarto, julgando que logo dormiria. Mas, fui construindo saudade, na ansiedade de  repassar toda a viagem que acabara de fazer, pelo Norte da Itália até o Lácio. Sei que construi muitas boas memórias que gerarão intensa saudade! Começamos por Milão, ficamos em Verona - uma gracinha! - interessante ver como muita gente gosta de entrar de corpo e alma na ficção. No pátio da casa de Julieta, seu balcão provocava intensa fila, daqueles que desejavam tirar uma foto para lembrar, como se fora verdadeira a história criada por Shakespeare. E, o muro do lado esquerdo da entrada estava coberto de bilhetes; juras de amor, quem sabe? Realmente, é contagioso o inconsciente coletivo: quase dava para ouvir o apaixonado Romeu declarar seu amor à mocinha cujos pais proibiram o romance...Seguimos para Veneza, que eu já visitara e que me pareceu um pouco descuidada. Estão sempre em obras de manutenção, o que atrapalha um pouco.

Depois de uns tres dias, visitamos o belo lago Como, tendo muitos a curtir suas margens, em roupas de banho. Meus netos se permitiram entrar na água e nadaram alegremente...

Andando ali pela Ligúria, a lembrança enreizada na memória, trouxe-me a saudade de minha mãe, na bandeja de polenta, bem do jeito que ela a fazia. Alguns, a fizeram muito espessa, densa; outros rala como sopa de doente. Esta polenta era como um pudim, firme e macia ao mesmo tempo. Veio meio feia, meio pobre em sua aparência. A polenta que mamãe fazia era gostosa e bonita de se apreciar. Vinha coberta pelo vermelho do molho, engrossado pela carne moída. E, óbvio, neste molho moravam a cebola, a salsa, o alho mesmo o manjericão, tudo na medida certa. Por vezes, tínhamos o queijo ralado a enriquecer. Contudo, a polenta foi um diferencial muito apreciado, quando sumiu de nossas opções, dando lugar apenas às massas, com molhos sofisticados.

Cinqueterre foi uma bela experiência, onde visitamos diversas ilhas, velejando como aconteceu nos canais de Veneza. Todos esses lugares são lindos, e mais saudade pude edificar.

Ficamos uns dias nas alturas esplendorosas de Montalcino. Montanhas e planícies mescladas de muitos tons de verde; manchadas nas nuanças do rubro ao alaranjado, detendo-se no ouro acobreado. O azul sem núvens envolvendo a paisagem na atmosfera aveludada. Saiu, então, de minha saudade a Mantiqueira de meus cuidados. Só ganhou de minha mineira, pela pradaria totalmente desenhada em suas videiras enfileiradas; em oliveiras carregadas. Na varanda onde tomávamos o café - da - manhã, ainda uma figueira, fazia robusta sombra e levava -me ao pomar de minha infância. Minha mãe fazia um invejável e transparente doce - de - figo, delicioso presente para nós e aos vizinhos.

Esta parte mais agrícola, com suas ruas estreitas e edificações antiquíssimas foram um enlevo para para meu coração. Será uma saudade colorida, diferente, antiga e culta. Saudade sem idade; eterna enquanto eu viver...

Passamos por Pisa, Lucca, Firenze e, de Roma, atravessamos para Sardenha. Esta lembrou-me o sossego e isolamento de algumas praias do Nordeste brasileiro. A transparência da água, como a de Fernado de Noronha. Foi um tempo de descanso muito rico.

Voltamos a Roma, num verão efervescente, pelo sol e a multidão que enchia as ruas. Prefiro a Europa na primavera. Há quem goste de enfrentar as férias com milhões de outros que buscam os mesmos lugares. Alguns precisam aproveitar as férias escolares. Como as belezuras de meus netos que solidificaram as bases da saudade que construi neste agosto de 2014.

Não posso deixar de dizer que a macarronada de minha mãe era melhor que todas as pastas que comi naquele paraíso de massas. Vou dar um consolo, estas do lugar de origem chegaram bem perto daquela que minha mãe fazia aos domingos. Também, há aquilo de saudade que me faz valorizar muito mais a comida de minha mãe. Talvez fosse apenas diferente.

E as melodias me reportaram aos bailes do Clube Itajubense e do Diretório Acadêmico da EFEI, como a charmosa " Champanhe", que certamente construiu saudade em muita gente.