domingo, 30 de novembro de 2014

Homenagem à Academia de Letras José de Alencar

Diamante Lapidado

Você, como criança,
foi dada à Curitiba
como um diamante bruto...
Valioso, cheio de possibilidades,
promessas infinitas. Só promessas.
Ao longo de setenta e cinco anos,
você cresceu e se tornou madura,
pelo trabalho, pela vida dura
de quem a ama até por vontade divina!
A cada dia vivido, podada uma aresta,
vergado ou esticado cada ramo...
Em cada reunião, uma festa,
pelo simples enlevo do encontro.
Todo momento esculpido,
na disciplina, na escolha e no suor.
Sempre com amor...
Agora você, cara ALJA,
é um diamante polido.
Como miríada estelar, seus membros
são facetas cintilantes deste tesouro!
Cada ponto um ter- feito;
cada sucesso, mais um degrau.
Num tempo, uma queda, um desmaio,
quase a morte!
Com sorte, a mão de um amigo a levantar.
Até um sorriso, meio a lágrimas...
Ainda tem o porvir, na esperança regado.
ALJA, hoje este é seu símbolo:
- Diamante Lapidado!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Lamento da Natureza


Observo com curiosidade
a movimentação inquieta do meu jardim.
Se é como bem me lembro,
quando chegava setembro,
vinha com ele a primavera.
Era tempo de calmaria, do colorido de flores
e de chuvas cantantes refrescando
nossas tardes. O calorão só vinha no verão!
Agora, a natureza lamenta em coro:
Quero água! Quero água!
Céu azul,  manchado do branco das núvens,
iluminado sob o dourado do sol,
acolhe o bem -te - vi que abraça seu filhote
e chora a chuva que não veio.
Sobre o verde desbotado do abacateiro,
geme a corroíra em busca de alimento.
Aqui, a sabiá a lamentar o dia inteiro
que o vento já vem, sem argumento,
a levar a molhadeza, pras bandas do mar...
No canto do muro, a murta sem lágrimas,
engole um soluço e suspira por um banho!
O voo colorido do beija-flor tenta
abraçar o manacá e nova dança inventa
que lhe poupe energia e o alimente.
Mente quem diz que a natureza não pensa.
Pensa e sente como gente.
A natureza sabe que os rios
estão - se tornando riachos,
prenunciam córregos até trilhas de terra
socada e seca; enrugada  e craquelada.
Ouço nos pios dos pássaros
a prece de toda a natureza, que em coro
suplica: que venha a chuva, bom Deus!