segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Blue Jasmine

     Wood Allen, em sua costumeira genialidade, surpreende - nos mais uma vez com esta comédia dramática - Blue Jasmine - onde o humor surge sutilmente, quase engolido pelo drama. Lançado neste novembro, o genial diretor acertou com Cate Blanchett que vive Jasmine, envolvida no sufocante "clima - blue" e com Alec Baldwin que vive seu esposo. Este enriquecera-se ilicitamente e acumulara enorme fortuna, lesando a muitos. Nada além disso direi sobre o enredo. Seria maldade. Bom é seguirmos os caminhos escolhidos por Allen e entrarmos em sua trama genial.
     Cate Blanchett está formidável em todas as tomadas. O filme é um retrato fiel de muitas situações que conhecemos, neste hoje que pretende dinheiro fácil e o materialismo - individual e social - reina solto. Alec Baldwin é como um fulano qualquer, cujo nome tenho de memória. Pode ser um pequeno empresário, um político canastrão e mandrião, um ator famoso...
     Na vida real, à medida que o dinheiro entra aos montes - nesse caso, dinheiro sujo - seu ego se inflama e o sucesso lhe sobe à cabeça. Dentre os bandidos, surge o chefe que arrebata a maior porção. Contudo, seus tentáculos se expandem para as diferentes esferas, num espaço de hierarquias muitas.
    Conheço parceiras de cama e de vida que nunca delataram seus companheiros, por corrupção ou por comportamento inadequado. Umas continuaram com eles pelo status e pelo dinheiro; outras, esperaram passar o temporal, divorciaram- se amigavelmente, não sem levar polpuda quantia em suas contas bancárias. Vale lembrar aquelas cujos valores não as satifizeram, sejam estas as esposas traídas ou as amantes descartadas. Lembro-me da esposa do ex- Ministro B. Cabral que o perdoou e aceitou-o de volta ao lar, após ter um romance com a também ex - Ministra Zélia Cardoso. Segue-se Nicéia Pitta, ex- esposa de Celso Pitta que o denunciou argumentando o pouco dinheiro que recebia de pensão ou ter sido lesada na partilha de bens. Na certa, adultério ou abandono do marido. A história levou Pitta ao caso dos precatórios e à perda do mandato. Também de fresca memória, a ex- esposa de Manuel Moreira - vereador, na "era Quércia"- que abriu as portas de sua mansão, mostrando todos os detalhes, em mármore e cristais de qualidade superior, afirmando que desde a casa e todo o resto fora comprado com dinheiro sujo: propinas de fornecedores. Narrou como o marido entrava com maletas repletas de dólares. Interessante é observar como estas angélicas e ingênuas esposas não questionam seus pares nem trabalham suas cabecinhas sobre a origem destas enormes quantias. Os maridões, espalham as braçadas de dinheiro sujo sobre as mesas ou tapetes e tudo parece normal até acontecer a traição. Vivem elas este padrão milionário como se fosse coisa normal. Julgam que ninguém repara! Outras piram diante da fortuna que não conseguem gastar nem pode aparecer. Tive uma ex- amiga que só queria cozinheira francesa; uma pobre criatura, filha de operário que nada sabia das letras nem das ciências. Mas era " chic" ter uma funcionária francesa; ou várias. Recentemente, tivemos Mônica Veloso e seu "caso" com o senador Renan Calheiros; recebia ela, seus valores em espécie, por meio de um funcionário de empreiteira. Um horror a falta de vergonha de uma e de outro. Os exemplos são múltiplos. Uns, nomeiam um filho para buscar no Exterior parte de seu dinheiro; já no aeroporto fazem o câmbio. Outros, puseram a filha a fingir que estudava nos E.U.A. com a tarefa de só voltar depois que comprasse tres apartamentos e os revendesse, mesmo com aparente prejuízo. Todavia o dinheiro era lavado, como se o parco salário que recebia pudesse comprar tudo aquilo! Há muitas maneiras de se criar empresas - de - fachada e ir limpando o dinheiro. Neste tempo de aparente ampla e mais eficaz justiça, esses tais ficam meio assustados...
Resta lembrar a ex- esposa de Fernando Collor que em programa " Fantástico" ameaçou contar muito mais e só nos disse que dezoito mil reais por mes é muito pouco mediante a enorme fortuna do ex. marido. Como ela silenciou, deve ter conseguido muito mais. Esperta ela!
     Paro nesses casos bem conhecidos e reservo outros para conversa - ao- pé- do- ouvido.
     Entretanto, não direi o que aconteceu com a linda " blue " Jasmine e a seu generoso esposo, porém, adúltero e corrupto. Vá ver o filme que ilustra tais casos e diverte genialmente.
    

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Centenário da Unifei - Itajubá

     Foi emocionante, muito mais que os anteriores, o encontro da turma de engenharia, de 1968. São engenheiros eletricistas e mecânicos, que trabalharam nas mais importantes empresas brasileiras. A alegria que fazia o encontro mais feliz é que neste novembro a Unifei celebra seu centenário de fundação.
     Fundada em 1913, por Teodomiro Carneiro Santiago, teve em  seu início grandes dificuldades. Contudo, Teodomiro C. Santiago era um visionário e empreendedor. Seu ideal era criar uma escola para a formação de engenheiros mecânicos e eletricistas, em um modelo avançado em que se unia a teoria do ensino à prática dos conhecimentos. Este argumento lhe chegou a partir do pensamento de Augusto Comte: " É mister relacionar a sabedoria teórica com ...a prática". Também, do lema extraido da frase "Res non verba" ( fatos, não palavras) do general francês Lázaro Hoche, Teodomiro Santiago compôs sua frase memorável:" Revelemo-nos mais por atos que por palavras, dignos de possuir este grande país".
     Em 1912, viajou a Europa e Estados Unidos para estudar os novos métodos de ensino tecnico, adquirir equipamentos para os laboratórios e contratar professores para a futura instituição de ensino superior. Os primeiros professores foram Dr. Armand Bertholet, Dr. ArthurTolbecq e Victor Van- Helleputt. Seguiram-se a estes os Drs. Fritz Hoffmann e Arthur Spirg. Os primeiros holandeses e suíços e, posteriormente, o francês Dr. Pierre François Objois.
     Em 23 de novembro de 1913, o IEMI - Instituto Eletro- Mecânico de Itajubá - foi criado tendo as presenças ilustres do então Presidente da República Hermes da Fonseca, de Wenceslau Pereira Gomes, vice- presidente do Brasil, autoridades locais, professores e alunos.
     A primeira turma de apenas dezesseis ( 16) alunos formou-se em 1917.
     A Unifei que começara como IEMI prosseguiu como IEI - Instituto Eletrotecnico de Itajubá, EFEI - Escola Federal de Engenharia de Itajubá e finalmente, UNIFEI Universidade Federal de Itajubá. Como tal, vem-se expandindo admiravelmente em suas instalações, cursos e número de alunos.
     São muitos os nomes de ex- alunos que engrandeceram esta instituição de ensino, exercendo altos cargos em grandes empresas; infelizmente, porém, encontramos alguns que se deixaram levar pelo poder e pela sedução de enriquecimento fácil e ilícito. Alguns desses passaram pelo vexame de chorar em rede nacional e desculpar-se por perjúrio e envolver- se em corrupção; outro encarou uma um confronto em CPI, mais alguns que se tornaram executivos de empresas estatais, foram questionados por roubarem dinheiro público. Perderam o emprego na empresa lesada mas foram relocados em outra estatal. Um triste modelo que se repete num país onde muitos já perderam a vergonha. Poucos  estão até hoje lavando o dinheiro, através da compra de imóveis, em condomínios de alto padrão ou, de tempos em tempos, buscam parte da fortuna depositada em paraísos fiscais.  Há quem mudou-se para o Nordeste de modo a não ser questionado, aqui em Campinas onde muitos ex- colegas e ex- amigos ficariam espantados com tamanha fortuna adquirida como passe de mágica. Lá, bem longe, talvez sejam reconhecidos apenas como herdeiros do Rei Midas! Estejam esses certos de que todo mundo sabe de onde vem seu dinheiro sujo.
     Dentre os ilustres lembramos o engenheiro Aureliano Chaves de Mendonça que foi vice- presidente do Brasil, Joel Rennó - ex- presidente da Petrobrás; os ilustres professores José Rodrigues Seabra, Richard Bran, Antonio Rodrigues de Oliveira, Pedro Mendes e muitos outros.
     Teodomiro C. Santiago faleceu em 1936, no Rio de Janeiro.
     É um consolo para os justos e honestos contemplarem a vida de pessoas como Teodomiro C. Santiago. Com ideais elevados que, como nós outros, trabalhou para o bem de muitos, exerceu sua capacidade intelectual e não apenas cuidou de roubar o dinheiro público, como alguns colegas dessa formidável turma de 1968.