segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sem Comentários

Preciso de um chá de capim cidreira. Talvez a textura  verde da erva hortelã, à hora de dormir,  me faça pegar o sono que me tem escapado, sem pedir desculpas.
Não comentarei sobre a Zica, que deve ter - se alimentado da Dengue, que deve ter surgido da falta de saneamento básico, atrás de entulhos grosseiros, gramas a medrar fora de seus limites ou os mosquitos que gostam de nadar nas poças que enfeitam as lages de construções mal - acabadas. Também, temos um desgoverno geral e a corrupção correndo solta - cada dia um novo nome ilustre - peço desculpas pelo adjetivo usado - não falarei disso. Contudo, esta Zica deve ter surgido para desviar nossa atenção e ocupar nossa mente com algo que toca nosso instinto de conservação da vida!
Não questionarei as recentes mortes na Síria - de quem mesmo é a culpa? Nem sobre  outro norte- americano perturbado que chegou atirando, daquele jeito quando dizemos que o atirador é um frustrado; alguém rancoroso...Lá, tal comportamento é clássico e histórico.
Nada falarei sobre as numerosas pessoas desvairadas que perderam tudo e buscam asilo na Europa Central. No desespero, pagam caro e se atropelam em frágeis barcos e muitos nem alcançam seu destino: morrem no meio do mar; surgem na praia como rejeito das águas!
E o ciclone, as enchentes muitas, a catástrofe que atingiu a essência límpida da água do Rio Doce?!
Realmente, preciso de um chá de capim- cidreira!
E, procurando onde se obtém a vacina Imuno -BCG - para tratamento de câncer de bexiga, que era produzida no Instituto Butantan - em S. Paulo, descubro que este setor foi " transferido" para uma tal Fundação Ataulpho de Paiva - única no Brasil a poder fabricar, mas não o está fazendo! Prometeram que estaria pronta em janeiro; depois em fevereiro e, finalmente que a teríamos em março. Como é possível este precioso e indispensável medicamento ficar em mãos de único laboratório que nem se da o trabalho de explicar a quem o procura, o motivo de terem parado com a fabricação? Ouvi uns boatos de que há grande demanda. Não discutirei tal argumento. Este não me convence.
Já falei sobre o terrível mundo da ficção de Orwell. Sem mergulhar em " Arquivo X", quero-me juntar a algum grupo alienado, porém mais feliz, sem pesadelos de olhos abertos, como tenho vivido.
Viver é correr riscos...
Todavia, minha alienação não me levará a ver BBB- nem novelas de mau gosto, de pura gritaria e agressões! Bons livros estão embalando meus dias; fuga para o jardim, com uma jarra de limonada, também ajuda a espantar o calor e a escuridão  densa de pensamentos e sentimentos que tentam aprisionar-me...
Não tecerei comentários sobre aqueles que trabalham para aliviar o peso do mundo, enquanto outros não os ajudam nem com a ponta de um dedo! Também não há frases capazes de exprimir a fragilidade e a mesmice de filmes e todo o conteúdo manipulador dos meios de comunicação...
O jeito é ter sua catedral de cristal, dentro de si mesmo e ao menos alguma alma gêmea para trocar uma xícara de chá, enquanto o sol se põe chorando e a lua começa a surgir, timidamente, como sentinela desarmada, a juntar-se a uma população desprotegida.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Apenas Vivendo/ Relembrando

As festas ainda nem se diluíram no tempo - pois que tenho a casa cheia de corre- corre, gritinhos de netos e agregados, graças a Deus - e vamos somando os feitos, os não -feitos, os bem- feitos e sempre restarão alguns mal- feitos. Coisas da vida. Não lastimarei o que deixei de fazer ou os mal - feitos, seja pelo bem de outros, seja porque estou apenas vivendo, sem cobranças.

Já falei e repito o aprendizado de que " o hábito é uma segunda natureza". Uma vez que se acostuma a trabalhar pouco, a dormir de menos, a comer errado, isso se tornará parte de você. De outro modo, se me acostumar a trabalhar muito, a dormir o quanto me baste e, se não bastar ficará para outra vez, já que o trabalho virá antes; se me acostumar a comer corretamente e ainda a me exercitar no corpo e na alma: tudo isso será um hábito. Fará parte integral de minha personalidade. Meu pai dizia isso em outras palavras:" o uso do cachimbo é que faz a boca torta."
Por isso, eu disse: estou apenas vivendo. E este estar apenas vivendo não significa que deixarei meus sonhos sem regas. Não! Não os deixarei murchar nem desbotarem-se como tem acontecido com meus lírios, neste tempo de seca selvagem. Sei que a estrada da vida vai ficando muito mais íngreme a cada dia que termina.
Continuo obstinada com a escrita. Se alguém vai ler, isso é outra conversa. Gostava de escrever desde muito criança. Ver as letras, as frases e os parágrafos a preencher o branco do papel numa cumplicidade perfeita. A tinta a dançar como um fio d'água escorrendo morro abaixo, registrando meu pensamento até minhas emoções, fuçando e remexendo toda a tulha de minha alma...
Isso para mim é viver! Então, repito: estou apenas vivendo. Sem cobranças de onde andará meu novo livro de poemas? E aqueles contos dormindo na gaveta? Poderiam iluminar alguma face, num riso maroto ou constranger quem tem algo a esconder. Esperança, talvez espanto, curiosidade ou saudade poderiam minhas historietas ressuscitar. Nalgum dia, eu as resgatarei, se a nau do tempo o permitir. Não deixarei de percorrer meu caminho. Tentações para cruzar braços e pernas, parar com tudo e só "curtir" nas redes sociais já as ouvi muitas. Não cederei a tais ofertas. Só que meu ritmo está vagaroso tal uma tartaruga velha. Vou colhendo, no entanto, muito mais rosas que espinhos; mais consolo que desalento. Enquanto eu tiver fôlego, falarei com minha melhor amiga - eu mesma - e meu Mestre - o Senhor Jesus Cristo. Falarei, em prosa e verso, com amigos fiéis, peregrinos que somos, na mesma trilha.
Como amante da língua portuguesa, lembro-me de que neste 2014 que se finda, comemoramos oito séculos de Língua Portuguesa, sendo o primeiro documento oficial registrado em 1214. O Brasil e Cabo - Verde, lançaram selos comemorativos a esta data. As homenagens prosseguirão até meados de 2015. Sem me cobrar, pretendo escrever sobre isso.
Para não esquecer gravemos, países de Língua Portuguesa: Angola, Brasil,  Cabo- Verde, Guiné - Bissau, Moçambique, Portugal, Timor- Leste, São Tomé e Príncipe.

Ano Novo - 2015 - sem cobranças; sem promessas.
O que eu fizer, estará feito.
Só não deixarei de amar ninguém. Aqui ou como estrelinha, apenas vivendo!