domingo, 11 de novembro de 2012

O Encontro

Falar de nosso encontro sem nada nem ninguém esquecer não posso. O tempo, muito além da memória treinada, se encarrega de apagar alguns traços da fisionomia e traça alguns sulcos, modela nosso rosto, conforme nosso caminho percorrido. Podemos vislumbrar vestígios do frescor juvenil, no brilho dos olhos, nos sorrisos nada tímidos dessas que retornamos, após cinquenta anos. Éramos adolescentes sonhadoras, cheias de planos e grande expectativa sobre o futuro.

Voltamos no tempo. Enquanto no tempo, este se incumbiu de pratear nossos cabelos, cuidadosamente apresentados alguns sob as nuances as mais variadas, do preto e cinza, ao louro - claro, bege ao multicolorido. Entrecortando as gargalhadas, as surpresas, os abraços surgia a inevitável conversa ao pé - do - ouvido, o desabafo, um suspiro, o compartilhar das rosas e dos espinhos que todos encontramos ao longo do caminho. Afinal, é muito bom constatarmos que a amizade existe entre nós. Plantada a semente há tantos anos, germinou quase imperceptivelmente e se fortaleceu na distância e na saudade. Nosso encontro foi lindo e fico matutando quando nos veremos novamente. Longe de Itajubá, em outras cidades mesmo em outros Estados, talvez no Exterior, temos que curtir uma saudade dolorida.

Matutando

Faz falta o gosto de Minas:
Fundão de mato, cheiro de bicho...
Faz falta montanhas azuladas
E casinhas entre galhadas,
Com jardins em volta.
Fumaça nas chaminés de chalés
Quase escondidos por araucárias centenárias...
Faz falta um riacho com canoas,
Pescadores sonolentos e vaquinhas mochas,
Pastando em pasto ralo, amarelecido,
Que a chuva é pouca e mineiro descuidado...
Mas o gado, persistente e forte como o caboclo.
Faz falta o silêncio, o passaredo de qualidade
E um bom amigo que ficou na saudade!
Falta todo o tempo do mundo,
Pra pensar fundo na vida e esquecer a cidade.
Faz falta tudo isso. Muita falta!
Falta Minas e falta você!

A todas as amigas - normalandas de 1962 - o meu muito obrigada por terem comparecido ao encontro, sobretudo àquelas que não mediram esforços para que ele acontecesse.

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