domingo, 3 de março de 2013

Gira mundo, mundo gira

     Gira mundo, gira giramundo, mundo gira...
     Esta é apenas uma forma que arranjo para explicar como a vida não para; como o tempo se sucede sem intervalos, inspirando e expirando como um organismo vivo.
     Desde os anos noventa, quando estudei um pouco sobre a Filosofia do Tempo, em diferentes épocas, me apaixonei, me deixei seduzir por um estado de espírito que envolve o ser humano, na sua jornada temporal. Somos prensados entre o nascer e a derradeira hora. Sem estresse nem ansiedade, deveríamos valorizar este tempo relativo, limitado, exíguo até. Há quem não valorize seu Tempo de Existir. Há quem não gaste tempo contemplando uma flor, uma borboleta, um pássaro ou uma cachoeira, só para mencionar alguns aspectos da Natureza. E os admiráveis gestos de amor, mesmo as tristezas nascidas do rancor...O mistério da vida no Tempo me fascina. O Tempo é o que temos. O resto é especulação.
     Com a criancinha de dois meses em meu colo, iniciei um diálogo:-" Giovana, minha criança, Deus tem sido generoso comigo. Deu - me anos de saúde, tempo largo, robusto e fértil. Giovana, querida, como você, agora, eu tive outros bebês em meu colo; um mais clarinho e duas moreninhas. Você me lembra minhas meninas..."
     Giovana sorria e fazia caras e bocas enquanto eu lhe falava de meu tempo de ter bebês no colo.
     O Tempo passara depressa ou seria eu que me apressara através dele?
     E continuei dizendo a ela que uma menina estava agora vivendo seu tempo de estar longe do colo, em Madri e outra menina arrumava suas malas para ter mais um tempo do outro lado do mar. Giovana parecia entender o que eu lhe dizia ao franzir a testa, depois ao esticá-la e voltar a frazí-la. Sorria condescendente, como a dizer-me: "vovó, o Tempo a Deus pertence, quem sabe quando será o tempo de eu passar um tempo longe do colo? Aproveite, pois, este Tempo de me ter em suas mãos".
Sábia criança!
     Neste exato momento, a minha criança está voando através das nuvens e, em poucas horas descerá em Paris, onde terá mais um Tempo de experiência fora do colo. Certamente, dentro da saudade, das orações e do silêncio. 
     Tenho que monitorar meu tempo, sem lamúria só com ternura para os que estão no meu tempo físico. Tempo dos filhos e dos netos, sobretudo dos pequenos Gui e Gio.
      E sei que o tempo seguirá seu trajeto, pelo mundo. Gira então mundo, gira.Gira, Giramundo!

2 comentários:

Unknown disse...

Que lindo!!! Me emocionei! bjs!!!

Dani disse...

Olá, do outro lado do mundo, aqui chove. Falei com a menina de Paris ontem: ela está bem, apenas ainda aterrisaaaando...no gerúndio mesmo.
Parabéns pelo(s) texto(s)!
Até que você tem escrito com mais frequência, né?
beijos,
Dani