segunda-feira, 3 de junho de 2013

Boas Escolhas

     A cada dia e hora, devemos fazer nossas escolhas. Há opções que nem são escolhas do momento, mas que, em algum dia, escolhemos seguir. E as tarefas são apenas etapas de um caminho, de uma profissão, que nos absorve. Se gostamos desta escolha, ótimo.

     Eu caminhava como de costume, ao redor do Lago do Círculo Militar de Campinas, quando percebi uma movimentação diferente: aquelas crianças e jovens, vestidos com seus belos uniformes, em tons de azul e cinza e com um lenço colorido no pescoço, treinavam a prática do remo. Havia alguns botes ou canoas e os menores remavam, sob os cuidados dos maiores. Para limitar o acesso ao espaço mais fundo do lago, os "Lobinhos" e os "Escoteiros" amarraram uma corda no sentido Leste - Oeste. Observei a disciplina, o falar educado, nada de gritaria nem de euforia exagerada que chamasse atenção para todo o grupo que era de muitos.
     Segui em frente e percebi que outros se ocupavam em diferentes tarefas. Algumas lindas jovens recolhiam algum tipo de vegetação mais adiante. Aproximei-me e conversamos. As moças tinham, uma quinze anos, outra dezenove. E fazia já cinco e sete anos, respectivamente, que praticavam o escotismo. Achei surpreendente! Apesar de eu frequentar o clube desde muitos anos, nunca os tinha observado tão ativos e envolvidos com a escolha que tinham feito. Escolha exigente apesar de terem que cumprir outras escolhas, naturalmente feitas pelos pais, como os estudos que levam a sério.

     Isso foi numa sexta-feira de semana com feriado na quinta. E os garotos que encontrei estavam muito felizes - um de treze anos, outro de onze - que não só montaram as barracas  mas já tinham dormido ali:- " estamos acampando aqui, nos quatro dias e vamos ficar até domingo". Era bom ver que estavam orgulhosos de terem escolhido viver esta aventura, em segurança. Ali tinham uma boa mata, o lago para remar e pescar e o espaço para o campismo. Recolhiam uns gravetos que suponho para algum fogo noturno; não voltei lá para conferir. Contudo, contagiei meu neto com tamanho entusiasmo com que me preenchi.

     Ainda hoje, assisti a um documentário sobre o Sistema Nacional de Orquestras Infantis e Juvenis, da Venezuela. Mostrava a vida de Gustavo Dudamel, exemplo de jovem que abraçou a música com paixão e levou a realização deste sonho a milhares de crianças, mundo afora. Iniciado pelo músico venezuelano, José Antonio Abreu, este " Sistema" visava retirar as crianças da rua e do contato com as drogas. Deu certo. As crianças, muito pequenas, falam com entusiasmo dos instrumentos que elegeram e de como a música as embala e as eleva; umas dizem que sentem paz, outras que parecem voar! Belo exemplo para nós - se já não o fazemos, está na hora . Pode ser que encontremos muitos talentos que se perderiam nas drogas, pelas ruas do Brasil.

     Ademais, arte e educação se completam. Coloquemos música na vida de nossas crianças; certamente serão adultos mais sensíveis e menos agressivos. E que experimentem o escotismo também. Pois uma coisa não exclui a outra.
     É preciso dar a elas um leque de opções que equilibrem as matérias mais valorizadas nas escolas e que de fato determinam o proficionalismo futuro: as ciências exatas, as humanas e os idiomas. Estas são obrigatórias e tornam, muitas vezes, o ensino árido e cansativo.

     Tenho duas meninas que iniciaram seus estudos na música, seguiram por outros caminhos muito eficientes; poderiam voltar ao antigo amor, ao menos para acalmar seus dias ou como instrumento de inspiração para seus filhotes. Vai que surge dali um " Dudamel"!

Nenhum comentário: