domingo, 5 de janeiro de 2014


Janeiro
 
     Fechou- se definitivamente o portal de 2013; estamos,agora,no início de um novo ano.Obviamente,ao redor tudo parece igual;novo - ano - quase - igual - ao - velho.Só um pequeno “quase” para fazer justiça às variações enlouquecidas de temperatura. Aliás,o calor está atípico! Nada nem ninguém se transforma abruptamente. Mesmo a morte é vagarosa.Por isso,muitos vêm morrendo faz tempo e nem o percebem.
     Foram- se as festas também as pessoas se foram para seu nada, suas férias ou suas faias.
     O que foi bem concluído assim ficou.Os erros também.Talvez se consertem naturalmente,segundo a lei do retorno ou algo semelhante à Teshuvá judaica.Aguardemos.
     Na festa do Réveillon, perambulei entre idades variadas e especulei sobre protestos,projetos de mudança,suspiros até lamentos. Para uns,se a festa de Natal é de família,o foco deveria ser a criança.Portanto,a ceia ficaria para segundo plano ou nem existiria. Todavia,há a geração que passou dos sessenta e não se alimenta de “coisas pesadas”nem noite adentro quase de madrugada.
     Seduziu- me a conversa com “seo” Antônio.Na tranquilidade de seus oitenta e tantos anos,enquanto aguardávamos a ceia,ele contou-me de sua rotina.Cuidava ele mesmo de tudo em sua casa,embora pudesse pagar funcionários domésticos.Habitualmente,janta por volta das dezoito horas;tudo organizado,faz suas preces e logo está a sonhar com o dia seguinte ou coisas da infância,mesmo com alguma namorada.Acorda sem despertador;por vezes,sem o cantar do galo; escuro ainda.Faz o desjejum e segue de carro para o sítio.Ali, ordenha vacas,alimenta galinhas,rega a horta,cumprimenta o pomar...Eu,suspensa na admiração,ele,alegre,sorrindo,em paz.Isso era o seu jeito de levar a vida.Se tinha dado certo até ali,por que mudaria? Seu ano–novo seria como os muitos anos–velhos,deixados nas páginas de sua vida.Ouvindo“seo” Antônio,reforcei a crença de que o trabalho que se ama não pesa quase nada.O corpo se renova a cada dia quando a alma está feliz.
     Confortou-me,ademais,o propósito da solene senhora de ser menos manipuladora e mais verdadeira; menos fantasiosa e mais religiosa, sem usar máscara de beata.E a jovem altiva definira seu ano-novo como a busca da esperança e da fé. Houve quem falasse de perdão e amor sem limites. Outros prometeram ler muito mais – tais como “ O Príncipe da Privataria", de Palmério Dória,( o segundo volume está melhor que o primeiro),a“Fúria de Sharpe”,de Bernard Cornwell ou reler “A minha Fé”,de Hesse,“ Terra dos Homens”,de A. Saint Éxupery; tomar fôlego para investir em “Gênese de um Pensamento”,de Teillard de Chardin e ainda criar coragem para mastigar o denso “O Demônio do Meio- Dia”,de Andrew Solomon. Haja tempo!

     2014 que se alargue para caber tanto desejo acumulado. E que os sonhos se tornem realidade.
     Então, feliz ano – novo – quase - igual, para todos!

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