quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Luminosa Vida
Fique sempre no mais alto.
Como claraboia proceda.
Seja a translucidez seu alvo.
Ao lutífero não ceda.
Não siga o lucífugo,
fugindo da luminosa Verdade.
Seja sua transparência fogo.
Sua alvura, a caridade.
Pequena ou grande lucarna,
o importante é vazar luz,
de sua defesa, arma.
Luz solar, fogaréu, luz de vela.
Seja luzerna que seduz.
Leve o Eterno por ela!
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terça-feira, 15 de novembro de 2016
Homenagem à ALJA - Academia de Letras José de Alencar
ALJA - Mostarda e Águia
Sou a Casa de Letras
a crescer eternamente,
juntando talentos, qual pedras
justapostas harmonicamente,
com garra e seriedade.
Gerei a menor semente,
biblicamente enaltecida.
Tornou-se ela, tão somente,
ALJA, hoje aqui fortalecida,
nesta bela realidade!
Meio a muitas Casas
de Cultura, neste universo,
me encorajei a bater asas;
a criar sonhos, em prosa e verso.
Levo a muitos o fervor da verdade!
Venham todos os amigos.
Venham com música e poesia.
Venham com vinho, pães e figos.
Celebremos nossa Academia,
enaltecendo nossa amizade!
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domingo, 23 de outubro de 2016
Casa do Poeta
Homenagem à Casa do Poeta de Campinas
Sou a Casa do Poeta
e nasci em berço de ouro, pelo tesouro
que me foi confiado.
O brilho amarelo do sol aquecia nossa casa
e a primavera cantava em versos férteis.
O explodir do riso farto em cascata,
envolvia a todos. E o ar se vestia de festa!
Fui crescendo, de bebezinho a criança inteligente;
de formosa adolescente a jovem culta, eficiente.
Hoje, é meu aniversário; completo vinte
anos e conclamo a todos: vinde!
Vinde o violão e o tenor; sem temor, achegai-vos
corais e poemas , piano e teclado
até sanfona ou só sorrisos e aplausos.
Aguardo quem revele emoção
em verso comovente, alegre ou triste,
fazendo chorar ou bailar
até o mais insensível, que resiste
aos acordes e ao festejo da hora.
Agora, como antes, meus braços abertos,
acolhem o pequeno e o grande talento,
para o sarau - vesperal - que invento
ou algum majestoso evento.
Cumpro, na alegria, meu dever
de zelar pela cultura
desta terra campineira, a fechar, dentre muitas,
como moldura, sua riqueza de música e literatura.
Neste dia, pois, sou muito feliz,
quando alguém a sorrir me diz:
"Parabéns, Casa do Poeta de Campinas!"
domingo, 9 de outubro de 2016
Mutação
Quero ter tempo pra tudo.
Contudo, que este tudo
seja apenas vivido hoje.
E, dentro deste hoje,
aqui de qualquer hora,
viver muito bem o " agora".
Sem pressa, com grande
alegria e vigor.
Sugar, sem temor
apenas o " já " desta hora...
É bem isso que quero:
beber o momento,
a fração de segundo
de cada minuto, indo ao fundo...
Sem criar barreiras
para o bem e o bom,
passar como relâmpago
pelas coisas tristes,
sombrias, dolorosas.
Ou quem sabe,
com sabedoria divina,
transformar as sombras em luz
e a morte em vida!
terça-feira, 27 de setembro de 2016
De como ocupar corpo e mente
Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas.
Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente.
Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas.
Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma.
O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol...
Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna.
Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.
De como ocupar corpo e mente
Minha querida amiga, Célia, questionava o porquê de se gastar tempo escrevendo poemas, uma crônica até um conto ou romance. Em geral - continua ela - as pessoas estão sempre correndo, muitas delas viciadas em seus celulares e redes sociais a papear quaisquer piadinhas, figurinhas ilustrativas, tudo de fraco conteúdo só para se sentirem vivas.
Argumentei com ela que quando faço meus exercícios físicos, faço-os para manter-me saudável. Não saio a caminhar por uma hora nem pego alguns pesos só para os outros verem. Sei que precisamos praticar tais exercícios e a consequência vem naturalmente.
Assim também o exercício mental é importante para que nossas células cerebrais mantenham-se atuantes e realizem as conexões necessárias ao bom juízo e saibam contar uma história ou elaborar um poema. Escrever é como alimentar meu corpo: não escrevo para receber elogios nem espero que muitas pessoas vão ler e gostar ou criticar. Escrevo para mim mesma. Para eu refletir, para lembrar-me de lugares onde estive, de pessoas.
Nesta altura da vida, quando a estrada já foi percorrida quase inteiramente, o importante é eu agradar-me a mim mesma; é ter os amigos que escolho e só vou aos lugares que desejo. Nada mais é tão importante quanto nossa satisfação pessoal, nossa alma em paz dentro de nosso corpo. Sou realista, nada pessimista. Por isso, sei que esta vida se esvai a cada segundo e, num piscar de olhos, já não mais existimos. Uso bem pouco as redes sociais. Ali, é uma vitrine para o "ego" que nunca está triste nem aparenta carências. Fotos sempre bonitas, pessoas bem vestidas, sorridentes, em lindos lugares. É uma fantasia meio vazia. Na minha visão. Gosto para matar saudades. Mas não me preenche a alma.
O importante é exercitarmos nossas células cinzentas e falarmos de fatos reais ou imaginários. É brincar com o verbo; é pensar como nossa língua é rica e sonora é conferir as figuras de linguagem e tentar plantar ou fazer germinar alguma emoção. Gosto de refletir sobre o mundo, louco como está e maravilhoso na criança de colo e naquela que inventa brincadeiras ricas de imaginação. E sondar a riqueza da natureza e a imensidão do universo em expansão e o planeta Terra a vagar como um ponto de grafite ou um grão de areia! E nós que somos a um tempo insignificantes diante dessa magnitude e grandiosos quando produzimos um mínimo ato de amor ou amizade; quando nos deslumbramos envolvidos nos laranja- roxo- vermelho de um pôr- de- sol...
Neste momento, amiga, repasso os e-mails. Falei com minhas filhas pelo Skype - uma em Madri, outra em Paris, de repente, mal corrijo um poema pela segunda vez, já é noite! E conheço gente que me diz lamuriante que não sabe o que fazer nas muitas horas de seu dia. Já lhe aconselhei a curtir jardinagem ou culinária...No nada fazer, há muito o que fazer. É só não ter preguiça e escolher. A decisão de escolher é de cada um: recolher -se encolhida num quarto escuro ou sair para a vida. E não adianta delegar sua vida a outros. Não curto novelas televisivas. Se houver um filme, ao menos razoável, tentarei ver até às vinte e duas horas. Depois, é a reclamação de sempre de que dormi pouco; de que sou ave- noturna.
Saio daqui em paz, reconciliada com minha alma. Prometo agradecer ao bom Deus pelos presentes de hoje e por você, querida Célia, ser minha sincera amiga e gastar parte de seu tempo a ler meus parcos escritos. Qualquer dia escreverei um poema em sua homenagem! Só mais uma coisinha: nunca faça nada de que não goste só para impressionar os outros, tentar ser agradável. É muito provável que não gostem e você terá perdido seu tempo e ganhará de lambuja enorme frustração. Se faz só do que ama o primeiro ganho é o alívio do estresse cotidiano.
domingo, 21 de agosto de 2016
Matutando
Faz falta o gosto de Minas:
fundão de mato, cheiro de bicho...
Faz falta montanhas azuladas
e casinhas entre galhadas
com jardins em volta...
Fumaça nas chaminés de chalés
quase ocultos por araucárias centenárias!
Faz falta um riacho com canoas,
pescadores sonolentos,
e vaquinhas mochas,
pastando em pasto ralo, amarelecido,
que a chuva é pouca e mineiro descuidado...
Mas o gado, persistente e forte, como o caboclo.
Faz falta o silêncio, o passaredo de qualidade
e um bom amigo que ficou na saudade!
Falta todo o tempo do mundo,
pra pensar fundo na vida e esquecer a cidade...
Faz falta tudo isso. Muita falta!
Falta Minas e falta você!
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Tempo de Crise
Lá estavam os dois homens a carpir.
Os carpidores nem me viram chegar.
Eu fora conferir a carpição,
para que a semente fosse bem acolhida...
O sol ia alto sem piedade da plantação,
sem escurejar por trás de nuvem
nem de morro ou serra, para aliviar a sede.
Precisavam parar um pouco.
Beber água fresca, almoçar...
Em tempo de crise, precisam batalhar mais.
Quando falei de crise, de falta de dinheiro,
o mais trigueiro, fulminou-me com o verde
dos seus olhos e vociferou vaticinante:-
" Dona, nóis não tem crise, não;
nóis vende nosso armoço
pra pagá nossa janta."
Calei-me.
Se ao menos eu tivesse olhado
dentro de seu bornal,
eu constatara afinal
a escandalosa ausência de sua matula.
Imatura eu!
Essa gente vive pela metade, semivida;
sem vida até,
tentando ter fé
no amanhã, que o hoje já se foi!
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vida.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Festa Junina
Faz tempo, quando chega junho ponho- me a pensar numa festa junina que aconteceu na minha infância. E questiono se não seria porque eu era muito criança que aquela festa pregou -se em minha memória e se tornaria uma de minhas saudades mais acalentadas.
Meu tio Vicente, um belo rapaz que despejava alegria para todos que o rodeavam, apaixonara-se por Ana, vendo-a no meio de uma multidão, quando o azul dos olhos dela se cruzaram com o cerúleo dos olhos dele. E foi uma paixão frondosa, robusta e invejável. Ela, que tinha o apelido carinhoso de Anita, era minha madrinha e eu gostava muito dela. Não sei dizer qual dos dois era mais alegre. A diferença maior era que ele gostava de dançar e ela era mais caseira. Contudo, não o apoquentava quando se fantasiava e saía em bloco de carnaval ou se vestia de caboclo nas festas juninas.
Não falarei do amor e do carinho com que minha mãe falava dele, seu irmão caçula: eles se entendiam muito bem.
Contudo, aqui só quero-me lembrar daquela noite de encanto. Chegamos à casa de madrinha Anita dois dias antes do sábado festivo. Era muita informação para meu cérebro de sete ou oito anos: havia um entra e sai de criados ou parentes, cada qual sabendo de sua função, orquestrados pela maestrina: uma finalizava o doce- de- casca- de laranja, de abóbora com coco, de mamão e de cidra; outra despejava sobre a pedra mármore o pé- de- moleque, outras pregavam as bandeirolas: muito barbante, cola ( de goma - arábica) eu só observava. Brincávamos num imenso pátio, onde começaram a erguer um altar, uma enorme fogueira e os três mastros com as bandeiras dos santos Antônio, João e Pedro. No sábado, logo ao amanhecer, já havia muita lida na casa. Homens fortes carregavam lenha da carroça para o centro do pátio. A fogueira, rapidamente mostrou- se imponente; aquilo para mim era algo fantástico. E chegavam ainda mais ajudantes dos arredores mesmo lá das alturas da serra. O cenário emoldurado pela Mantiqueira era uma obra de arte. E prepararam pamonhas, canjica, biscoitão, linguiças, pernil e pastéis de farinha de milho; a pipoca deixaram para arrebentar mais à noite. O quentão se apurava em enorme caldeirão. Aqueles homens alegres, colegas de meu tio, que tinham o descanso apenas no domingo - trabalhavam na Usina de São Bernardo, pertencente à Companhia Sul Mineira, geradora de eletricidade para Itajubá e algumas poucas cidades em derredor. Então, meu tio e esses amigos se revessavam nos diversos trabalhos pendurando os muitos metros de bandeirolas...
Naquela noite mágica, alguém acendeu a fogueira que imponente dominava a cena; enorme mesa de quitutes, com atoalhado branquíssimo, exibia orgulhosa toda essa gama de cores e sabores que meus olhos não abrangiam.
Minha avó iniciou a festa recitando uma parte do Rosário e pedindo proteção a Deus - com os rogos dos três santos homenageados - e me recordo que crianças, jovens e adultos acompanharam com sincera devoção.
A partir do final da reza, os sanfoneiros e violeiros entraram a tocar. Meu tio e muitos homens vestidos à moda rural - como se julga até nossos dias - e as jovens ornamentadas com flores nos cabelos e vestidos de babados, com rendas e fitas ou chapéus dançavam animadamente. Lembro-me de que a dança chamada quadrilha era marcada em língua francesa, pois de fato sua origem é europeia, mais precisamente da elite parisiense. Era uma brincadeira muito divertida e alguns solteiros saiam desta festa já com namorada. A madrugada surgia e as pessoas não se animavam a despedirem- se...
Ainda ficamos por lá no domingo. Eu fora com minha avó, de charrete e regressaríamos a Itajubá desta mesma forma. Assim, na segunda - feira algum funcionário nos levaria. Dormi de tão exausta pois a excitação era demasiada para a criança que eu era e meus primos ainda mais novos.
Hoje, festa junina não tem graça : as pessoas não se animam a se fantasiarem; as comidas são grosseiras, algumas até industrializadas; as músicas numa espécie de show sertanejo que de sertão nada tem. Não vejo a quadrilha marcada nem em português quanto mais em francês...
Pode ser que lá pelo Sul de Minas ainda mantenham esta festa folclórica que lembra a abundância das fazendas até os anos sessenta.
Agora, vou pôr a dormir minha saudade que um pouco deste sonho distante já revivi enquanto escrevi.
domingo, 26 de junho de 2016
Marcas do Tempo
O tempo se programou.
De mansinho se aproximou
e no meu caminho se instalou.
Enquanto voa o tempo,
sigo firme ou vacilante,
nos passos que carrego,
ora amiga ora amante...
Rugas já se avolumam,
no sorriso e na tensão.
Mãos calosas, veias grossas,
reclamam por atenção.
O brilho opaco do olhar
finge enxergar sem lentes.
Mas quem comanda meu dia
é meu coração feliz,
que nunca sente apatia
nem se importa com quem diz
que tenho, nas marcas do tempo,
as marcas que nunca quis.
De mansinho se aproximou
e no meu caminho se instalou.
Enquanto voa o tempo,
sigo firme ou vacilante,
nos passos que carrego,
ora amiga ora amante...
Rugas já se avolumam,
no sorriso e na tensão.
Mãos calosas, veias grossas,
reclamam por atenção.
O brilho opaco do olhar
finge enxergar sem lentes.
Mas quem comanda meu dia
é meu coração feliz,
que nunca sente apatia
nem se importa com quem diz
que tenho, nas marcas do tempo,
as marcas que nunca quis.
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segunda-feira, 30 de maio de 2016
Encontro do Infinito
O lago esbanjando claridade,
espelhando o sol, ferindo-me as retinas...
Retive a emoção!
Levei a sensação de perenidade mata adentro...
O véu das ramarias, entrecortado de luz,
dançava ao vento, como no tempo de fadas,
no mistério multicolorido de aves e borboletas.
Congelei o momento na memória da saudade,
tal o encantamento, tamanha felicidade!
No infinito azulado, tem gosto de eternidade
o albatroz pairando em círculos, senhor do universo!
No anverso da paisagem, a imagem fugaz
de um homem em paz,
à beira do lago, pescando esperança...
Deslumbramento do encontro do infinito!
Dentro em mim, o lago na calmaria, a luz perene,
bondade e beleza, no auge do esplendor!
Aqui encontro Deus, o eterno, o tudo!
A paz que se busca como andarilho,
não dura nem tem o brilho
da que se encontra dentro de ti!
espelhando o sol, ferindo-me as retinas...
Retive a emoção!
Levei a sensação de perenidade mata adentro...
O véu das ramarias, entrecortado de luz,
dançava ao vento, como no tempo de fadas,
no mistério multicolorido de aves e borboletas.
Congelei o momento na memória da saudade,
tal o encantamento, tamanha felicidade!
No infinito azulado, tem gosto de eternidade
o albatroz pairando em círculos, senhor do universo!
No anverso da paisagem, a imagem fugaz
de um homem em paz,
à beira do lago, pescando esperança...
Deslumbramento do encontro do infinito!
Dentro em mim, o lago na calmaria, a luz perene,
bondade e beleza, no auge do esplendor!
Aqui encontro Deus, o eterno, o tudo!
A paz que se busca como andarilho,
não dura nem tem o brilho
da que se encontra dentro de ti!
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Da Fé e de seu Exercício
Lá estavam muitos sem esperança, alavancados no medo. O medo era real, em parte - também aumentado pelas densas nuvens do desemprego e da doença. A mídia a anunciar, como vendedor de pipoca, que as pandemias estavam fazendo a festa desde o esgoto a céu aberto até ralos córregos quase a secar...
Ela chegou mansa, devagar, como quem respeita o sono de criança de peito. Jeito bonito, educado, leve e abraçador. Falou baixo sem pretensão, que o tempo pedia Fé. E quando se fala em fé, pode ser fé na vida, em ficar rico ou ser miss do milho ou da cidade caipira. Mas a Fé de que ela falava era o sentimento maior que busca o céu e alcança milagre. E disse, sem rodeios que não se pode ter fé apenas teórica. Ela começa na mente - despertada a razão - passa pelo sentimento e deságua em ação.
Se não se concretizar em atos, é morta! Além de um pedaço de pão ou um copo d'água podemos oferecer uma refeição completa aos assassinos mais cruéis que vivem nas prisões. Pode acontecer que o amor embutido em cada naco de frango ou garfada de maionese chegue ao coração daquele que nunca recebeu atenção...
Outras obras são espirituais- obras de misericórdia - como visitar algum doente em sua casa ou hospitalizado. Há idosos que vivem solitários, sem parentes nem amigos. É só buscar e encontraremos um campo vasto para exercermos a verdadeira Fé.
Se nada disso for possível, resta a força da oração " alavanca que levanta o mundo" - no dizer de santa Terezinha de Lisieux.
Se cremos em Deus, em Cristo precisamos mostrar ao mundo que neste caótico desencontro podemos ainda encontrar um lírio no meio da lama.
Ela chegou mansa, devagar, como quem respeita o sono de criança de peito. Jeito bonito, educado, leve e abraçador. Falou baixo sem pretensão, que o tempo pedia Fé. E quando se fala em fé, pode ser fé na vida, em ficar rico ou ser miss do milho ou da cidade caipira. Mas a Fé de que ela falava era o sentimento maior que busca o céu e alcança milagre. E disse, sem rodeios que não se pode ter fé apenas teórica. Ela começa na mente - despertada a razão - passa pelo sentimento e deságua em ação.
Se não se concretizar em atos, é morta! Além de um pedaço de pão ou um copo d'água podemos oferecer uma refeição completa aos assassinos mais cruéis que vivem nas prisões. Pode acontecer que o amor embutido em cada naco de frango ou garfada de maionese chegue ao coração daquele que nunca recebeu atenção...
Outras obras são espirituais- obras de misericórdia - como visitar algum doente em sua casa ou hospitalizado. Há idosos que vivem solitários, sem parentes nem amigos. É só buscar e encontraremos um campo vasto para exercermos a verdadeira Fé.
Se nada disso for possível, resta a força da oração " alavanca que levanta o mundo" - no dizer de santa Terezinha de Lisieux.
Se cremos em Deus, em Cristo precisamos mostrar ao mundo que neste caótico desencontro podemos ainda encontrar um lírio no meio da lama.
sábado, 5 de março de 2016
Na aridez dos dias maus
A palmeira derramou quatro
desbotados braços de galhos,
esturricados e lamentosos,
esfolados pelo ardor amarelo
de um sol desapiedado.
Soltava a pobre árvore
gemidos lânguidos e trêmulos
nas manhãs, nas tardes e nas noites
de uma primavera ingrata e avara,
nada de brisa, nada de orvalho
nem chuvisco a chorar a seca...
Consolada pelo sanhaço,
amada pelo sabiá - barranco,
arrancou solidários suspiros
do manacá, despido de cor e vaidade,
já na saudade de suas flores,
que jaziam em tapete, sobre o amarelo
do gramado que um dia fora verde.
Choram inda na manhã de domingo,
o pardal e a rola que rola na pouca
poça d'água que noutro dia sobrara
da rega e logo se secará...
Sob a hera que se tornara seu teto,
numa sombra curta e rala,
perto da murta e do jasmim,
ainda o sanhaço lamenta
com todo o jardim!
Chora a chuva que não chega.
Vai-se embora a primavera
e o verão secará o rio e a lagoa.
Isso não é promessa boa!
desbotados braços de galhos,
esturricados e lamentosos,
esfolados pelo ardor amarelo
de um sol desapiedado.
Soltava a pobre árvore
gemidos lânguidos e trêmulos
nas manhãs, nas tardes e nas noites
de uma primavera ingrata e avara,
nada de brisa, nada de orvalho
nem chuvisco a chorar a seca...
Consolada pelo sanhaço,
amada pelo sabiá - barranco,
arrancou solidários suspiros
do manacá, despido de cor e vaidade,
já na saudade de suas flores,
que jaziam em tapete, sobre o amarelo
do gramado que um dia fora verde.
Choram inda na manhã de domingo,
o pardal e a rola que rola na pouca
poça d'água que noutro dia sobrara
da rega e logo se secará...
Sob a hera que se tornara seu teto,
numa sombra curta e rala,
perto da murta e do jasmim,
ainda o sanhaço lamenta
com todo o jardim!
Chora a chuva que não chega.
Vai-se embora a primavera
e o verão secará o rio e a lagoa.
Isso não é promessa boa!
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
Sem Comentários
Preciso de um chá de capim cidreira. Talvez a textura verde da erva hortelã, à hora de dormir, me faça pegar o sono que me tem escapado, sem pedir desculpas.
Não comentarei sobre a Zica, que deve ter - se alimentado da Dengue, que deve ter surgido da falta de saneamento básico, atrás de entulhos grosseiros, gramas a medrar fora de seus limites ou os mosquitos que gostam de nadar nas poças que enfeitam as lages de construções mal - acabadas. Também, temos um desgoverno geral e a corrupção correndo solta - cada dia um novo nome ilustre - peço desculpas pelo adjetivo usado - não falarei disso. Contudo, esta Zica deve ter surgido para desviar nossa atenção e ocupar nossa mente com algo que toca nosso instinto de conservação da vida!
Não questionarei as recentes mortes na Síria - de quem mesmo é a culpa? Nem sobre outro norte- americano perturbado que chegou atirando, daquele jeito quando dizemos que o atirador é um frustrado; alguém rancoroso...Lá, tal comportamento é clássico e histórico.
Nada falarei sobre as numerosas pessoas desvairadas que perderam tudo e buscam asilo na Europa Central. No desespero, pagam caro e se atropelam em frágeis barcos e muitos nem alcançam seu destino: morrem no meio do mar; surgem na praia como rejeito das águas!
E o ciclone, as enchentes muitas, a catástrofe que atingiu a essência límpida da água do Rio Doce?!
Realmente, preciso de um chá de capim- cidreira!
E, procurando onde se obtém a vacina Imuno -BCG - para tratamento de câncer de bexiga, que era produzida no Instituto Butantan - em S. Paulo, descubro que este setor foi " transferido" para uma tal Fundação Ataulpho de Paiva - única no Brasil a poder fabricar, mas não o está fazendo! Prometeram que estaria pronta em janeiro; depois em fevereiro e, finalmente que a teríamos em março. Como é possível este precioso e indispensável medicamento ficar em mãos de único laboratório que nem se da o trabalho de explicar a quem o procura, o motivo de terem parado com a fabricação? Ouvi uns boatos de que há grande demanda. Não discutirei tal argumento. Este não me convence.
Já falei sobre o terrível mundo da ficção de Orwell. Sem mergulhar em " Arquivo X", quero-me juntar a algum grupo alienado, porém mais feliz, sem pesadelos de olhos abertos, como tenho vivido.
Viver é correr riscos...
Todavia, minha alienação não me levará a ver BBB- nem novelas de mau gosto, de pura gritaria e agressões! Bons livros estão embalando meus dias; fuga para o jardim, com uma jarra de limonada, também ajuda a espantar o calor e a escuridão densa de pensamentos e sentimentos que tentam aprisionar-me...
Não tecerei comentários sobre aqueles que trabalham para aliviar o peso do mundo, enquanto outros não os ajudam nem com a ponta de um dedo! Também não há frases capazes de exprimir a fragilidade e a mesmice de filmes e todo o conteúdo manipulador dos meios de comunicação...
O jeito é ter sua catedral de cristal, dentro de si mesmo e ao menos alguma alma gêmea para trocar uma xícara de chá, enquanto o sol se põe chorando e a lua começa a surgir, timidamente, como sentinela desarmada, a juntar-se a uma população desprotegida.
Não comentarei sobre a Zica, que deve ter - se alimentado da Dengue, que deve ter surgido da falta de saneamento básico, atrás de entulhos grosseiros, gramas a medrar fora de seus limites ou os mosquitos que gostam de nadar nas poças que enfeitam as lages de construções mal - acabadas. Também, temos um desgoverno geral e a corrupção correndo solta - cada dia um novo nome ilustre - peço desculpas pelo adjetivo usado - não falarei disso. Contudo, esta Zica deve ter surgido para desviar nossa atenção e ocupar nossa mente com algo que toca nosso instinto de conservação da vida!
Não questionarei as recentes mortes na Síria - de quem mesmo é a culpa? Nem sobre outro norte- americano perturbado que chegou atirando, daquele jeito quando dizemos que o atirador é um frustrado; alguém rancoroso...Lá, tal comportamento é clássico e histórico.
Nada falarei sobre as numerosas pessoas desvairadas que perderam tudo e buscam asilo na Europa Central. No desespero, pagam caro e se atropelam em frágeis barcos e muitos nem alcançam seu destino: morrem no meio do mar; surgem na praia como rejeito das águas!
E o ciclone, as enchentes muitas, a catástrofe que atingiu a essência límpida da água do Rio Doce?!
Realmente, preciso de um chá de capim- cidreira!
E, procurando onde se obtém a vacina Imuno -BCG - para tratamento de câncer de bexiga, que era produzida no Instituto Butantan - em S. Paulo, descubro que este setor foi " transferido" para uma tal Fundação Ataulpho de Paiva - única no Brasil a poder fabricar, mas não o está fazendo! Prometeram que estaria pronta em janeiro; depois em fevereiro e, finalmente que a teríamos em março. Como é possível este precioso e indispensável medicamento ficar em mãos de único laboratório que nem se da o trabalho de explicar a quem o procura, o motivo de terem parado com a fabricação? Ouvi uns boatos de que há grande demanda. Não discutirei tal argumento. Este não me convence.
Já falei sobre o terrível mundo da ficção de Orwell. Sem mergulhar em " Arquivo X", quero-me juntar a algum grupo alienado, porém mais feliz, sem pesadelos de olhos abertos, como tenho vivido.
Viver é correr riscos...
Todavia, minha alienação não me levará a ver BBB- nem novelas de mau gosto, de pura gritaria e agressões! Bons livros estão embalando meus dias; fuga para o jardim, com uma jarra de limonada, também ajuda a espantar o calor e a escuridão densa de pensamentos e sentimentos que tentam aprisionar-me...
Não tecerei comentários sobre aqueles que trabalham para aliviar o peso do mundo, enquanto outros não os ajudam nem com a ponta de um dedo! Também não há frases capazes de exprimir a fragilidade e a mesmice de filmes e todo o conteúdo manipulador dos meios de comunicação...
O jeito é ter sua catedral de cristal, dentro de si mesmo e ao menos alguma alma gêmea para trocar uma xícara de chá, enquanto o sol se põe chorando e a lua começa a surgir, timidamente, como sentinela desarmada, a juntar-se a uma população desprotegida.
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Apenas Vivendo/ Relembrando
As festas ainda nem se diluíram no tempo - pois que tenho a casa cheia de corre- corre, gritinhos de netos e agregados, graças a Deus - e vamos somando os feitos, os não -feitos, os bem- feitos e sempre restarão alguns mal- feitos. Coisas da vida. Não lastimarei o que deixei de fazer ou os mal - feitos, seja pelo bem de outros, seja porque estou apenas vivendo, sem cobranças.
Já falei e repito o aprendizado de que " o hábito é uma segunda natureza". Uma vez que se acostuma a trabalhar pouco, a dormir de menos, a comer errado, isso se tornará parte de você. De outro modo, se me acostumar a trabalhar muito, a dormir o quanto me baste e, se não bastar ficará para outra vez, já que o trabalho virá antes; se me acostumar a comer corretamente e ainda a me exercitar no corpo e na alma: tudo isso será um hábito. Fará parte integral de minha personalidade. Meu pai dizia isso em outras palavras:" o uso do cachimbo é que faz a boca torta."
Por isso, eu disse: estou apenas vivendo. E este estar apenas vivendo não significa que deixarei meus sonhos sem regas. Não! Não os deixarei murchar nem desbotarem-se como tem acontecido com meus lírios, neste tempo de seca selvagem. Sei que a estrada da vida vai ficando muito mais íngreme a cada dia que termina.
Continuo obstinada com a escrita. Se alguém vai ler, isso é outra conversa. Gostava de escrever desde muito criança. Ver as letras, as frases e os parágrafos a preencher o branco do papel numa cumplicidade perfeita. A tinta a dançar como um fio d'água escorrendo morro abaixo, registrando meu pensamento até minhas emoções, fuçando e remexendo toda a tulha de minha alma...
Isso para mim é viver! Então, repito: estou apenas vivendo. Sem cobranças de onde andará meu novo livro de poemas? E aqueles contos dormindo na gaveta? Poderiam iluminar alguma face, num riso maroto ou constranger quem tem algo a esconder. Esperança, talvez espanto, curiosidade ou saudade poderiam minhas historietas ressuscitar. Nalgum dia, eu as resgatarei, se a nau do tempo o permitir. Não deixarei de percorrer meu caminho. Tentações para cruzar braços e pernas, parar com tudo e só "curtir" nas redes sociais já as ouvi muitas. Não cederei a tais ofertas. Só que meu ritmo está vagaroso tal uma tartaruga velha. Vou colhendo, no entanto, muito mais rosas que espinhos; mais consolo que desalento. Enquanto eu tiver fôlego, falarei com minha melhor amiga - eu mesma - e meu Mestre - o Senhor Jesus Cristo. Falarei, em prosa e verso, com amigos fiéis, peregrinos que somos, na mesma trilha.
Como amante da língua portuguesa, lembro-me de que neste 2014 que se finda, comemoramos oito séculos de Língua Portuguesa, sendo o primeiro documento oficial registrado em 1214. O Brasil e Cabo - Verde, lançaram selos comemorativos a esta data. As homenagens prosseguirão até meados de 2015. Sem me cobrar, pretendo escrever sobre isso.
Para não esquecer gravemos, países de Língua Portuguesa: Angola, Brasil, Cabo- Verde, Guiné - Bissau, Moçambique, Portugal, Timor- Leste, São Tomé e Príncipe.
Ano Novo - 2015 - sem cobranças; sem promessas.
O que eu fizer, estará feito.
Só não deixarei de amar ninguém. Aqui ou como estrelinha, apenas vivendo!
Já falei e repito o aprendizado de que " o hábito é uma segunda natureza". Uma vez que se acostuma a trabalhar pouco, a dormir de menos, a comer errado, isso se tornará parte de você. De outro modo, se me acostumar a trabalhar muito, a dormir o quanto me baste e, se não bastar ficará para outra vez, já que o trabalho virá antes; se me acostumar a comer corretamente e ainda a me exercitar no corpo e na alma: tudo isso será um hábito. Fará parte integral de minha personalidade. Meu pai dizia isso em outras palavras:" o uso do cachimbo é que faz a boca torta."
Por isso, eu disse: estou apenas vivendo. E este estar apenas vivendo não significa que deixarei meus sonhos sem regas. Não! Não os deixarei murchar nem desbotarem-se como tem acontecido com meus lírios, neste tempo de seca selvagem. Sei que a estrada da vida vai ficando muito mais íngreme a cada dia que termina.
Continuo obstinada com a escrita. Se alguém vai ler, isso é outra conversa. Gostava de escrever desde muito criança. Ver as letras, as frases e os parágrafos a preencher o branco do papel numa cumplicidade perfeita. A tinta a dançar como um fio d'água escorrendo morro abaixo, registrando meu pensamento até minhas emoções, fuçando e remexendo toda a tulha de minha alma...
Isso para mim é viver! Então, repito: estou apenas vivendo. Sem cobranças de onde andará meu novo livro de poemas? E aqueles contos dormindo na gaveta? Poderiam iluminar alguma face, num riso maroto ou constranger quem tem algo a esconder. Esperança, talvez espanto, curiosidade ou saudade poderiam minhas historietas ressuscitar. Nalgum dia, eu as resgatarei, se a nau do tempo o permitir. Não deixarei de percorrer meu caminho. Tentações para cruzar braços e pernas, parar com tudo e só "curtir" nas redes sociais já as ouvi muitas. Não cederei a tais ofertas. Só que meu ritmo está vagaroso tal uma tartaruga velha. Vou colhendo, no entanto, muito mais rosas que espinhos; mais consolo que desalento. Enquanto eu tiver fôlego, falarei com minha melhor amiga - eu mesma - e meu Mestre - o Senhor Jesus Cristo. Falarei, em prosa e verso, com amigos fiéis, peregrinos que somos, na mesma trilha.
Como amante da língua portuguesa, lembro-me de que neste 2014 que se finda, comemoramos oito séculos de Língua Portuguesa, sendo o primeiro documento oficial registrado em 1214. O Brasil e Cabo - Verde, lançaram selos comemorativos a esta data. As homenagens prosseguirão até meados de 2015. Sem me cobrar, pretendo escrever sobre isso.
Para não esquecer gravemos, países de Língua Portuguesa: Angola, Brasil, Cabo- Verde, Guiné - Bissau, Moçambique, Portugal, Timor- Leste, São Tomé e Príncipe.
Ano Novo - 2015 - sem cobranças; sem promessas.
O que eu fizer, estará feito.
Só não deixarei de amar ninguém. Aqui ou como estrelinha, apenas vivendo!
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Das Nuanças da Personalidade
Quando criança e adolescente, fui uma pessoinha tímida e muito introvertida. Pouco conversava em casa com meus pais e irmãos, apesar de sermos uma família de sete pessoas - crianças e adultos falantes, agitados até cantantes. Minha mãe era uma contadora de histórias e cantarolava enquanto executava suas muitas tarefas domésticas. Dentre os irmãos, pelo menos dois eram extrovertidos - cantavam até em público e ainda contam suas piadas e histórias cercados de olhares curiosos...A menina quieta e pensativa era muitas vezes criticada; meu pai, porém, entendia aquele jeito introvertido e discreto pois também ele era de pouco falar, mais pensativo e filosófico em seus juízos. Meu marido é um homem silencioso, focado no que faz, fala só o essencial. Algumas vezes, ele se envolve em conversas de temas específicos e a fala flui magistralmente. No entanto, socialmente tem dificuldade de se misturar e interagir. Somos introvertidos, sem com isso dizer incapazes de rir muito e falar coisas inteligentes ou tolices impróprias, de vez em quando. Em nossa idade adulta, ouvimos muitas observações maldosas, sobre pouco falar de um e muito falar de outra, na visão de quem se julgava com a perfeição em sua personalidade extrovertida ou pessoas sem o menor senso de realidade até educação.
Nestes dias, ouvi uma palestra de Susan Cain:- " The Power of introverts"- onde ela chama atenção para que se valorize os introvertidos. Vemos desde meados do século XX até hoje que empresas e a sociedade como um todo valorizam mais os indivíduos extrovertidos, que fazem muitos contatos e conquistam outra dezena de amigos em poucos meses. Aqueles que se esforçam para agradar, para serem o centro das atenções e receberem os aplausos - seu alimento diário. Há os que saem de um evento qualquer já com uma agenda gorda de muitos nomes e datas para encontros futuros. Não esperam ser convidados; eles convidam e programam seus desejos. Gostam de exibir centenas de amigos que mal conhecem, nas redes sociais, ou são " seus seguidores". O introvertido - segundo a palestrante - e confirmo na minha parcela de introvertida - odeia trabalhar em grupo; prefere fazer seus estudos e resolver seus problemas individualmente - quase sempre rende muito mais e o resultado é de ótima qualidade. O trabalho em grupo os tolhe, em parte bloqueia sua ação.
Quando se somam a introspecção e a timidez, o indivíduo introvertido se questiona sobre o revelar-se demasiadamente. Volta, então, para sua redoma de vidro, sua zona de conforto de onde não desejou sair. É um presente divino quando um introvertido encontra outro semelhante. Alma gêmea a compartilhar com poucas palavras até só com um olhar ou um sorriso complacente, como a dizer:-
" hoje, só por pouco tempo, estarei aqui fora..."
Sejamos nós extrovertidos ou introvertidos precisamos exercitar a tolerância e enxergarmos o valor de cada pessoa, com as nuanças características de sua personalidade. Ninguém é formatado em um só aspecto. Temos a cor mais acentuada de um extrovertido ou a cor mais pálida do introvertido, sem com isso valorizarmos um mais que o outro. Urge valorizar o introvertido, pois a partir de suas reflexões, temos tido ao longo dos anos, os pensamentos filosóficos e teológicos, as ideias brilhantes dos cientistas, dos escritores e poetas, dos monges e de todos que deixam um pouco a extroversão e entram na solidão criativa e no silêncio eloquente. Já o Cristo Jesus, que tinha uma exuberante personalidade - depois de muito ensinar e curar - afastava-se de seus amigos e permanecia por muitas horas da noite, em meditação e oração. Era reavaliar seu dia e abastecer-se para o trabalho do dia seguinte. Bom exemplo este do Mestre que acolhia a todos, sobretudo aos mais difíceis.
Nestes dias, ouvi uma palestra de Susan Cain:- " The Power of introverts"- onde ela chama atenção para que se valorize os introvertidos. Vemos desde meados do século XX até hoje que empresas e a sociedade como um todo valorizam mais os indivíduos extrovertidos, que fazem muitos contatos e conquistam outra dezena de amigos em poucos meses. Aqueles que se esforçam para agradar, para serem o centro das atenções e receberem os aplausos - seu alimento diário. Há os que saem de um evento qualquer já com uma agenda gorda de muitos nomes e datas para encontros futuros. Não esperam ser convidados; eles convidam e programam seus desejos. Gostam de exibir centenas de amigos que mal conhecem, nas redes sociais, ou são " seus seguidores". O introvertido - segundo a palestrante - e confirmo na minha parcela de introvertida - odeia trabalhar em grupo; prefere fazer seus estudos e resolver seus problemas individualmente - quase sempre rende muito mais e o resultado é de ótima qualidade. O trabalho em grupo os tolhe, em parte bloqueia sua ação.
Quando se somam a introspecção e a timidez, o indivíduo introvertido se questiona sobre o revelar-se demasiadamente. Volta, então, para sua redoma de vidro, sua zona de conforto de onde não desejou sair. É um presente divino quando um introvertido encontra outro semelhante. Alma gêmea a compartilhar com poucas palavras até só com um olhar ou um sorriso complacente, como a dizer:-
" hoje, só por pouco tempo, estarei aqui fora..."
Sejamos nós extrovertidos ou introvertidos precisamos exercitar a tolerância e enxergarmos o valor de cada pessoa, com as nuanças características de sua personalidade. Ninguém é formatado em um só aspecto. Temos a cor mais acentuada de um extrovertido ou a cor mais pálida do introvertido, sem com isso valorizarmos um mais que o outro. Urge valorizar o introvertido, pois a partir de suas reflexões, temos tido ao longo dos anos, os pensamentos filosóficos e teológicos, as ideias brilhantes dos cientistas, dos escritores e poetas, dos monges e de todos que deixam um pouco a extroversão e entram na solidão criativa e no silêncio eloquente. Já o Cristo Jesus, que tinha uma exuberante personalidade - depois de muito ensinar e curar - afastava-se de seus amigos e permanecia por muitas horas da noite, em meditação e oração. Era reavaliar seu dia e abastecer-se para o trabalho do dia seguinte. Bom exemplo este do Mestre que acolhia a todos, sobretudo aos mais difíceis.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Lamento da Natureza
Ouço o pesado e rouco lamento
da bem- te- vi solitária.
Está a se esconder do vento,
a refrescar seu corpo
sob a touceira de murta!
O amarelo quente do sol
não promete chuva.
A passarinha chama seu amor
que traga alimento para seu rebento
que acaba de nascer...
A esperança se junta nos cúmulos,
mas os cirros dissipam o desejo.
Vejo a insistência dos pios
e supro a carência com banana
e a pureza d'água.
Juntam -se aos pássaros
a palmeira seca e as flores
que gemem a implorar socorro.
Tomara tudo amanheça molhado,
e a natureza se ponha a cantar,
sem fome nem sede nem lamento.
da bem- te- vi solitária.
Está a se esconder do vento,
a refrescar seu corpo
sob a touceira de murta!
O amarelo quente do sol
não promete chuva.
A passarinha chama seu amor
que traga alimento para seu rebento
que acaba de nascer...
A esperança se junta nos cúmulos,
mas os cirros dissipam o desejo.
Vejo a insistência dos pios
e supro a carência com banana
e a pureza d'água.
Juntam -se aos pássaros
a palmeira seca e as flores
que gemem a implorar socorro.
Tomara tudo amanheça molhado,
e a natureza se ponha a cantar,
sem fome nem sede nem lamento.
Dilúvio
Os primeiros pingos d'água foram como timidez de criança de seis anos...
Vieram inocentes como quem brinca de esconde - esconde, intermitentes, fingindo fraqueza.
Achei-me num barco de parca madeira, com apenas duas janelas, no andar superior, veladas por espessas cortinas.
Ali, poucos entraram e nada nem ninguém saía.
Depois de um tempo, a moleza d'água solapando as frágeis estruturas desse barco corpóreo, o estrondo dos trovões, descarga elétrica percorrendo todo o ser...
O dilúvio se instalara!
A tormenta varrera o céu de minhas entranhas mesmo o da emoção e o do pensamento!
O barco balançava desgovernado, sem amparo nem qualquer referência de sorte!
Do meio do caos, uma voz:
- " Espera, vai passar!"
Como, aliás, tudo passa, nesta vida.
Mas havia o medo. Ah! O medo! O medo ameaçava ruir toda a embarcação.
Cantando a ladainha dos santos, suplicando uma trégua aos céus, bichinhos irmãos, um velho leão e uma leoa lúcida...
No meio do barco, num arco de aura cristalina, o altar do sacrifício.
Ali, eu sacrificara novecentos dias de angústias, em muita lágrima, como água salgada. Como lágrimas dos que tudo perdem.
Depois, na exaustão do sofrimento, o resgate. O cheiro bom de terra molhada e o equilíbrio restaurado.
Vencera a vida! Se eu tivera o dilúvio só cá fora, não me transformara. Eu fora uma lagartixa muda e assustada. Renascera uma sabiá cantante!
Vieram inocentes como quem brinca de esconde - esconde, intermitentes, fingindo fraqueza.
Achei-me num barco de parca madeira, com apenas duas janelas, no andar superior, veladas por espessas cortinas.
Ali, poucos entraram e nada nem ninguém saía.
Depois de um tempo, a moleza d'água solapando as frágeis estruturas desse barco corpóreo, o estrondo dos trovões, descarga elétrica percorrendo todo o ser...
O dilúvio se instalara!
A tormenta varrera o céu de minhas entranhas mesmo o da emoção e o do pensamento!
O barco balançava desgovernado, sem amparo nem qualquer referência de sorte!
Do meio do caos, uma voz:
- " Espera, vai passar!"
Como, aliás, tudo passa, nesta vida.
Mas havia o medo. Ah! O medo! O medo ameaçava ruir toda a embarcação.
Cantando a ladainha dos santos, suplicando uma trégua aos céus, bichinhos irmãos, um velho leão e uma leoa lúcida...
No meio do barco, num arco de aura cristalina, o altar do sacrifício.
Ali, eu sacrificara novecentos dias de angústias, em muita lágrima, como água salgada. Como lágrimas dos que tudo perdem.
Depois, na exaustão do sofrimento, o resgate. O cheiro bom de terra molhada e o equilíbrio restaurado.
Vencera a vida! Se eu tivera o dilúvio só cá fora, não me transformara. Eu fora uma lagartixa muda e assustada. Renascera uma sabiá cantante!
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sábado, 2 de janeiro de 2016
Questão de Consciência e Compaixão
Temos ouvido o tempo todo sobre intolerância religiosa, preconceitos de todo tipo e um mundo atordoado em plena agitação e temor de guerra, no ar que respiramos.
Muitos de nós já vivemos meio a deboches e seguimos em frente, sem baixa estima, sobretudo os que fomos bem educados e valorizados pelos nossos pais e familiares. Há uns com inteligência parca comparados com outros mais inteligentes; há muitos bonitos - homens, mulheres e crianças - que se exibem diante da irmã feia ou do irmão com alguma deficiência. Sem pudor, cometem gafes e faz piadas idiotas. Alguns exemplos me vem à memória: a excelente cantora e atriz Barbra Streisand - estrábica e com nariz inadequado a seu rosto, teve algumas sugestões para fazer cirurgia plástica e torna-lo mais aceitável a seu fotógrafo. Nunca se deixou levar por estes comentários maldosos; seguiu em frente com sua maravilhosa voz e ganhando muitos prêmios tanto na música quanto pelos filmes. Outro, o cantor Juca Chaves encarou ele mesmo o avantajado nariz que mereceu uma modinha, cantada e aplaudida em todos os seus shows. Uns tem olhos muito espaçados e grandes, outras os tem muito apertados, como Carla Bruni. Vemos os atores, o francês " beiçudo" P. Belmondo e norte- americano J. Malkoviche, estrábico, nem de longe um modelo de beleza. Mas seduz pelo seu enorme talento. Estes são apenas alguns de muitos exemplos a serem seguidos. Quando falarem de nossos supostos ou reais defeitos físicos e comportamentais, desarmamos o agressor levando na brincadeira. Você pode apenas sorrir ou perguntar se ele está com inveja?
Ou nós rirmos de nossos pontos fracos: se sou muito alta, ou muito baixa ou acima do peso...Se eu mesma aceito e brinco com o que seria zombado, tiro o argumento do outro que se sentirá vazio.
Neste último mês, estive em uma clínica de oncologia e o que vi sobre aparência e carências muitas das pessoas que ali frequentam, tocou-me profundamente. Ao meu lado, uma senhora totalmente calva, optara por não esconder sua falta de cabelos. A maioria está calva ou com cabelos bem ralos. Mas são muito criativas: a moça de frente, muito bem maquiada, prendeu o estampado de seu lenço num feitio de trança que ficou muito bonito; outra, usava um gorro colorido. A um canto, um idoso descansa ou sucumbe com a cabeça apoiada entre as mãos. Outro segue a se arrastar, muito frágil, sustentado por uma jovem, talvez uma filha. Sempre vejo uma senhorinha idosa, que se veste de chita e calça chinelos. Chega constrangida como se estivesse a transgredir. Vai ao balcão, marca presença e arruma um assento. Seu chapéu é de palha, mas não tem o estilo bonito daqueles de praia, próprios para senhoras. É um chapéu masculino, porém, ela carrega seu desânimo com dignidade, cabeça erguida, sob o amarelado do chapéu velho. É uma figura exótica, mas sua preocupação é a cura; isso é tolice. Vi também o jovem de perna amputada com ares de aceitação; câncer nos ossos, certamente.
Nestes dias em que ali estive, recebi ensinamento para o resto da vida. Foi como se um enorme sino de bronze caísse sobre minha mente e despertasse minha consciência sonolenta, não mais adormecida. Pois creio que estas pessoas, jovens ou velhas, jamais olharão os seus semelhantes comparando a cor da pele; os cabelos lisos, ondulados ou crespos, seus olhos, orelhas nem outros detalhes. Precisamos ser gratos a Deus se temos saúde completa. E os que ainda vivem presos na arena do preconceito e da ignorância deveriam dar uma passadinha semanal numa dessas clínicas. Quem sabe um sino de bom senso, no peso de enorme sino de bronze caia também sobre suas mentes e encontrem coisas mais úteis para falar e comecem a praticar a compaixão.
Muitos de nós já vivemos meio a deboches e seguimos em frente, sem baixa estima, sobretudo os que fomos bem educados e valorizados pelos nossos pais e familiares. Há uns com inteligência parca comparados com outros mais inteligentes; há muitos bonitos - homens, mulheres e crianças - que se exibem diante da irmã feia ou do irmão com alguma deficiência. Sem pudor, cometem gafes e faz piadas idiotas. Alguns exemplos me vem à memória: a excelente cantora e atriz Barbra Streisand - estrábica e com nariz inadequado a seu rosto, teve algumas sugestões para fazer cirurgia plástica e torna-lo mais aceitável a seu fotógrafo. Nunca se deixou levar por estes comentários maldosos; seguiu em frente com sua maravilhosa voz e ganhando muitos prêmios tanto na música quanto pelos filmes. Outro, o cantor Juca Chaves encarou ele mesmo o avantajado nariz que mereceu uma modinha, cantada e aplaudida em todos os seus shows. Uns tem olhos muito espaçados e grandes, outras os tem muito apertados, como Carla Bruni. Vemos os atores, o francês " beiçudo" P. Belmondo e norte- americano J. Malkoviche, estrábico, nem de longe um modelo de beleza. Mas seduz pelo seu enorme talento. Estes são apenas alguns de muitos exemplos a serem seguidos. Quando falarem de nossos supostos ou reais defeitos físicos e comportamentais, desarmamos o agressor levando na brincadeira. Você pode apenas sorrir ou perguntar se ele está com inveja?
Ou nós rirmos de nossos pontos fracos: se sou muito alta, ou muito baixa ou acima do peso...Se eu mesma aceito e brinco com o que seria zombado, tiro o argumento do outro que se sentirá vazio.
Neste último mês, estive em uma clínica de oncologia e o que vi sobre aparência e carências muitas das pessoas que ali frequentam, tocou-me profundamente. Ao meu lado, uma senhora totalmente calva, optara por não esconder sua falta de cabelos. A maioria está calva ou com cabelos bem ralos. Mas são muito criativas: a moça de frente, muito bem maquiada, prendeu o estampado de seu lenço num feitio de trança que ficou muito bonito; outra, usava um gorro colorido. A um canto, um idoso descansa ou sucumbe com a cabeça apoiada entre as mãos. Outro segue a se arrastar, muito frágil, sustentado por uma jovem, talvez uma filha. Sempre vejo uma senhorinha idosa, que se veste de chita e calça chinelos. Chega constrangida como se estivesse a transgredir. Vai ao balcão, marca presença e arruma um assento. Seu chapéu é de palha, mas não tem o estilo bonito daqueles de praia, próprios para senhoras. É um chapéu masculino, porém, ela carrega seu desânimo com dignidade, cabeça erguida, sob o amarelado do chapéu velho. É uma figura exótica, mas sua preocupação é a cura; isso é tolice. Vi também o jovem de perna amputada com ares de aceitação; câncer nos ossos, certamente.
Nestes dias em que ali estive, recebi ensinamento para o resto da vida. Foi como se um enorme sino de bronze caísse sobre minha mente e despertasse minha consciência sonolenta, não mais adormecida. Pois creio que estas pessoas, jovens ou velhas, jamais olharão os seus semelhantes comparando a cor da pele; os cabelos lisos, ondulados ou crespos, seus olhos, orelhas nem outros detalhes. Precisamos ser gratos a Deus se temos saúde completa. E os que ainda vivem presos na arena do preconceito e da ignorância deveriam dar uma passadinha semanal numa dessas clínicas. Quem sabe um sino de bom senso, no peso de enorme sino de bronze caia também sobre suas mentes e encontrem coisas mais úteis para falar e comecem a praticar a compaixão.
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